terça-feira, 1 de dezembro de 2009

CIÊNCIA

Máquina do 'Big Bang' bate recorde de potência
por BRUNO ABREU

Os resultados superaram as expectativas: O Grande Acelerador de Hadrões, a maior máquina do mundo que pretende reproduzir os momentos que se seguiram ao 'Big Bang', bateu o recorde de potência dentro dos aparelhos do género, e atingiu os 1,18 teraelectrovolts. Cientistas festejaram, mas mostram-se prudentes. Até ao fim do ano vai haver mais colisões.
O LHC (Large Hadron Collider, ou em português "Grande Acelerador de Hadrões") é oficialmente o acelerador de partículas mais potente do mundo. Os seus dois feixes de protões alcançaram uma energia de 1,18 teraelectrovolts (TeV), assinalou em Genebra, na Suíça, a Organização Europeia para a Investigação Nuclear (CERN) num comunicado.
O número alcançado pela máquina que pretende reproduzir os momentos que se seguiram ao Big Bang superou o recorde mundial anterior de 0,98 TeV, alcançado pelo aparelho que lhe dá competição: o acelerador Tevatron do Fermi National Accelerator Laboratory de Chicago, nos Estados Unidos da América. Segundo indicou o CERN no seu comunicado, "este evento constitui um importante marco no caminho para o programa de física do LHC em 2010". No próximo ano, espera-se que o acelerador alcance os 7 Tev, o que significa 3,5 TeV por feixe de protões.
Para trás fica a avaria que obrigou a paralisar o seu funcionamento pouco depois da sua inauguração em Setembro do ano passado e os vários problemas que fizeram adiar o seu relançamento. O LHC parece ter superado de vez os seus problemas e está a funcionar perfeitamente.
"Agora estamos a adaptar-nos à facilidade que está a ser o manejo do LHC", disse o director-geral do CERN, Rudolf Heuer. Mas o cientista mostra-se prudente ao assinalar: "É fantástico, mas vamos continuar a trabalhar nele passo a passo. Há ainda muito para fazer antes de começar o programa de física para 2010. Vou manter o champanhe no gelo até lá."
Foi há cerca de uma semana que se registaram as primeiras colisões de protões a baixa velocidade. Os cientistas tinham como objectivo levar os feixes a atingir 1,2 TeV nas semanas seguintes. Além disso, o recorde foi atingido apenas dez dias depois de o acelerador recomeçar a funcionar.
É preciso não esquecer que foram precisos 14 meses de reparações e testes para resolver a avaria que o acelerador sofreu.
Este avanço no calendário previsto vem, segundo os investigadores do CERN, "demonstrar o excelente funcionamento da máquina".
No dia 20 de Novembro foram injectados no acelerador os primeiros feixes de protões e nos dias seguintes estes circularam de forma alterna a baixa velocidade, primeiro numa direcção e depois noutra, ao longo da circunferência de 27 quilómetros: uma espécie de túnel construído a 100 metros debaixo da terra, na fronteira entre a Suíça e a França.
A partir daí, "o tempo de vida dos feixes foi aumentando até cerca de 10 horas", informou o CERN. Os responsáveis do organismo científico dizem que esta progressão nas experiências feitas com o LHC apontam para que o objectivo de levar a cabo o primeiro programa de física será atingido no primeiro trimestre de 2010.
Agora, a meta até ao Natal é aumentar a intensidade dos feixes de protões antes de se extraírem maiores quantidades de dados das colisões. Para os responsáveis do acelerador, deve-se assegurar que os feixes sejam manejados de forma segura - uma vez que circulam a uma maior velocidade - e que se garantam condições estáveis para as experiências durante as colisões, algo que se espera que ocorra na próxima semana. Até ao fim do ano ainda haverá mais colisões.
FONTE:
DN CIÊNCIA

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