terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Irão

Irão silencia jornalistas e atira sobre jovens que tomam a rua
por HUGO COELHO - Hoje

No aniversário da morte de três estudantes tornados símbolos da resistência à ditadura do Xá, milhares manifestaram-se contra o Presidente Ahmadinejad. Polícia cercou universidades e desligou telemóveis.
Desafiando a ordem do Governo, milhares de estudantes iranianos tomaram ontem as ruas do centro de Teerão em protesto e entraram em confrontos violentos com a guarda da República Islâmica.
A polícia usou bastões e gás lacrimogéneo, e disparou tiros sobre os manifestantes, de acordo com testemunhas. Seis meses depois das manifestações contra a reeleição do Presidente conservador Mahmoud Ahmadinejad - as piores no país desde a Revolução de 1979 - os jovens voltaram a vestir-se de verde e gritaram os velhos slogans da oposição.
O protesto coincidiu com a comemoração do "dia nacional do estudante" que assinala a morte de três jovens que participavam num protesto anti-americano em 1953, durante a ditadura do Xá.
Antecipando os protestos, Ahmadinejad assinou uma ordem a proibir manifestações durante o dia de ontem e pôs em alerta as forças de segurança. Milhares de polícias foram destacados para as ruas e cercaram as universidades.
As autoridades desligaram ainda os serviços de telemóveis e no fim de semana reduziram a velocidade da Internet ao ponto de ser impossível trocar emails. Os jornalistas estrangeiros foram proibidos de transmitir informações para o exterior.
A agência oficial, Irma, noticiou apenas que "alguns desordeiros que tentaram aproveitar-se do Dia Nacional do Estudante juntaram-se nas ruas em redor da universidade de Teerão onde chocaram com as forças da ordem".
Mas testemunhas deram conta de confrontos violentos na Praça Vali Asr. Os estudantes gritaram o nome de Mir Hussein Moussavi, o moderado que foi o principal adversário de Ahmadinejad nas eleições de Junho, e entoaram em uníssono: "Morte ao ditador" e "Os estudantes podem morrer mas não aceitam ser humilhados".
Alguns ergueram imagens de Ahmadinejad com o uniforme nazi - recorde-se que o Presidente negou o Holocausto - e queimaram posters de Ali Khamenei, o chefe supremo da República Islâmica.
Em resposta, as milícias islâmicas bassidjis responderam "Morte aos hipócritas." Os bassidjis , vestidos à civil, andaram pelas ruas armados com tasers ajudando a polícia a deter para interrogatório os líderes dos manifestantes.
Além de Teerão, opositores exilados deram conta de manifestações nas cidades de Arak, Shiraz Mashhad, Kerman e Isfahan.
Moussavi disse que a polícia estava a "lutar contra sombras na rua". "Imaginemos que eles reprimem os estudantes e os silenciam [hoje]. Que farão a seguir? O que farão com a sociedade?"
Mehdi Karoubi, outro derrotado nas urnas, disse ao Le Monde que "a repressão não é solução, nem hoje nem amanhã, a solução só chegará com a reconciliação".
O New York Times noticiou que as mães de mais de 20 estudantes abatidos durante as manifestações de Junho foram presas no sábado. As mulheres cumpriam todos os sábados um protesto em Leleh Park, no centro da capital, desde o assassínio de Neda Agha-Soltan, a mulher de 26 anos que se tornou no símbolo da violenta repressão do regime.

FONTE:

DN GLOBO

http://dn.sapo.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=1441638&seccao=M%E9dio Oriente

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