segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Pacientes com Aids na África

“Pacientes com Aids na África: as verdadeiras vítimas da crise econômica”
Por Johan van Slooten O tratamento de pacientes com HIV-Aids na África está padecendo com a crise econômica global, diz a fundação “Stop Aids Now!”. Num relatório publicado no Dia Mundial da Aids, a ONG diz que os governos ocidentais estão gastando menos dinheiro com medicamentos para HIV-Aids por causa de cortes orçamentários.
A Holanda está entre os países que vão gastar menos em tratamentos de HIV-Aids no próximo ano, pois teve um orçamento original de 29 milhões de euros cortado pela metade. O relatório foi apresentado pela ONG em Amsterdã, no dia primeiro de dezembro. Cinco mil pequenas cruzes brancas com uma fita vermelha dobrada, símbolo da luta contra a AIDS, foram erguidas na Praça dos Museus atrás do Museu Real, para lembrar o Dia Mundial da Aids.
As cruzes representam as pessoas com Aids na África que “são as reais vítimas da crise econômica”, de acordo com a diretora da ONG “Stop Aids Now!”, Louise van Deth.
Esforços inúteis
Enquanto estamos preocupados com bolsas de valores e pensões há pessoas sofrendo mais na África”, disse Louise à Radio Nederland. “Todos os investimentos que fizemos nos últimos dez anos terão sido inúteis se os orçamentos forem realmente reduzidos”.
Os desastrosos efeitos da crise econômica na vida dos que padecem de HIV-Aids na África são claros, a ONG “Stop Aids Now!” diz em seu relatório. Estes efeitos são duplos. Os estoques públicos de remédio acabarão rapidamente quando o dinheiro em caixa minguar. Para piorar a situação, os pacientes terão menos dinheiro para as necessidades diárias básicas, afetando suas vidas.
Estômago vazio
“Eu estava no Quênia recentemente e falei com muitos portadores lá”, lembra Van Deth. “Muitas pessoas me disseram que não tinham o que comer e não podiam tomar os medicamentos com o estômago vazio. Outros me disseram que não tinham dinheiro para comprar a passagem de ônibus para ir ao hospital buscar medicamento. A crise fere a todos, mas atinge ainda mais os pacientes com Aids”.
O governo holandês, atualmente, é o maior doador para tratamentos de portadores do vírus na África, mas os cortes orçamentários também atingem a Pasta do ministro de Apoio ao Desenvolvimento, Bert Koenders. No próximo ano ele gastará 15 milhões de euros nesse programa, 50% a menos se comparado com os recursos desse ano.
Menos 50 mil pessoas
“Se você faz um cálculo simples, 15 milhões de euros podem significar aproximadamente 50 mil pessoas a menos sem medicamentos no próximo ano”, diz Louise Van Deth. “Essas pessoas vão morrer”.
O que é mais difícil para a “Stop Aids Now!” aceitar é que os fundos prestes a serem cortados garantiram o sucesso das campanhas anti-HIV e Aids na África nos últimos anos. Em 2008, mais de 800 mil pessoas receberam tratamento pela primeira vez, elevando o total de pessoas que recebem os medicamentos a mais de três milhões.
Bebês
“Poucos bebês nasceram com o vírus HIV graças a essas campanhas”, diz Van Deth. “Podemos assegurar que salvamos a vida de 200 mil bebês desde 2001 por causa do esquema de atendimento. Vamos esperar que os governos doadores mantenham os recursos, ou nossos resultados positivos recentes serão revertidos”.
A embaixadora holandesa para a Aids, Marijke Wijnroks, concorda com a ONG "Stop Aids Now!" que a crise econômica afeta o tratamento de pacientes com HIV e Aids na África. No entanto, ela não acredita que haja muito a ser feito.
Escolhas difíceis
“Todo nosso orçamento está encolhendo graças à crise econômica. Os recursos para a ajuda ao desenvolvimento de países pobres também foram atingidos. O ministro teve de fazer escolhas difíceis e, claro, toda decisão que você toma afetará pessoas”, foi a resposta cautelosa dela durante o lançamento do relatório.
O relatório tornou mais cinzento o Dia Mundial da Aids do que nos anos anteriores, admite Van Deth. “Especialmente porque há resultados e nós sabemos o que temos de fazer. Então, eu convoco todos a terem certeza de que nossos investimentos não são desperdiçados”.
FONTE:
RADIO NEDERLAND WERELDOMROEP - HOLANDA

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