Moradores estão assustados em ver como o solo foi levado pelo vento.Sem pasto, o número de animais nas fazendas diminuiu 70%.
Do G1, com informações do Jornal Nacional
10/12/09 - 21h39 - Atualizado em 10/12/09 - 21h39
As Nações Unidas já alertaram que as áreas de deserto podem aumentar 17% ao longo dos próximos cem anos por causa do aquecimento global. Na reportagem especial desta quinta-feira (10), o Jornal Nacional mostra uma região da Argentina atingida por essa mudança.
A viagem até o município de Patagones é cheia de contrastes. Antes de chegar, os repórteres são parados numa barreira que restringe o ingresso de carnes e frutas, porque se trata de uma região privilegiada, livre de várias doenças que podem ser provocadas por bactérias. À margem da estrada, encontramos canais de águam, que garantem a agricultura irrigada. Mas poucos quilômetros à frente, a paisagem começa a mudar.
A 900 quilômetros de Buenos Aires, o verde cede lugar ao tom amarelado. Nuvens de areia cruzam à nossa frente. Onde antes havia pastagens, agora há dunas que encobrem os alambrados.
A viagem até o município de Patagones é cheia de contrastes. Antes de chegar, os repórteres são parados numa barreira que restringe o ingresso de carnes e frutas, porque se trata de uma região privilegiada, livre de várias doenças que podem ser provocadas por bactérias. À margem da estrada, encontramos canais de águam, que garantem a agricultura irrigada. Mas poucos quilômetros à frente, a paisagem começa a mudar.
A 900 quilômetros de Buenos Aires, o verde cede lugar ao tom amarelado. Nuvens de areia cruzam à nossa frente. Onde antes havia pastagens, agora há dunas que encobrem os alambrados.
O volume de chuva vem caindo desde 2004, data da última safra de trigo. A média, que já foi de 390 milímetros, hoje é de 120 milímetros de chuva por ano. Cada vez menos produtores apostam na agricultura. O que cresce por aqui vira alimento para o gado. Em meio a uma tempestade de areia eles entram em uma fazenda. São recebidos por Martin Saralegui, mais conhecido como Paco, um produtor rural de 73 anos, que mora ali desde criança.
"Tudo isso aqui era mato", conta ele, "nunca antes houve dunas por aqui". Ele mostra como a areia invadiu a propriedade. Todo o depósito de ferro velho está coberto. Tudo parece deserto. O trator ainda está lá e continua sendo utilizado diariamente, mas a função agora é outra. Paco é obrigado a retirar a areia que invade os currais para evitar que as ovelhas escalem as dunas e fujam pro meio do campo. Por causa da seca, elas são alimentadas aqui mesmo já que não tem mais pasto na fazenda.
Mas por que a paisagem mudou tanto? "Sobrecarregamos o campo com animais. Excessivas quantidades de gado", acredita. “Começamos a desmatar em excesso para manter o gado. Isso talvez tenha sido nosso grande equívoco".
Pó
Fomos conhecer outra fazenda, onde o imenso tanque de água usado para matar a sede do gado ficou totalmente seco. São centenas de hectares onde a produção virou pó. "Nunca tinha visto nada assim. É a primeira vez em 50 anos", assegura o fazendeiro Juan Carlos Maas. Os moradores da região estão assustados em ver como o solo foi levado pelo vento. Toda a parte orgânica, rica em nutrientes para a plantação, simplesmente sumiu. Sem pasto, o número de animais diminuiu 70%.
Fomos conhecer outra fazenda, onde o imenso tanque de água usado para matar a sede do gado ficou totalmente seco. São centenas de hectares onde a produção virou pó. "Nunca tinha visto nada assim. É a primeira vez em 50 anos", assegura o fazendeiro Juan Carlos Maas. Os moradores da região estão assustados em ver como o solo foi levado pelo vento. Toda a parte orgânica, rica em nutrientes para a plantação, simplesmente sumiu. Sem pasto, o número de animais diminuiu 70%.
Os campos de Patagones sempre tiveram uma produção limitada. A falta de chuvas é um fenômeno histórico que se repete de tempos em tempos há mais de cem anos. Mas essa imagem de devastação total é recente. Patagones nunca foi um deserto. O Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária argentina estima que 300 mil hectares, um quarto da área do município, foram gravemente afetados pela erosão. Em outras palavras, viraram deserto.
"Fenômenos naturais como a seca tem seu efeito aumentado pela ação do homem", diz o engenheiro Alberto Perlo, diretor do Instituto, que atravessa o alambrado como as ovelhas de Paco. Ele explica que a situação pode melhorar um pouco se voltar a chover. Só que o processo de desertificação do lugar só será revertido se houver uma mudança radical de comportamento dos produtores. No século passado também houve grandes períodos de seca nesta região da Argentina. Mas ele assegura que o impacto foi muito menor na época porque o sistema produtivo não era tão destrutivo quanto agora.
FONTE:
G1.GLOBO/JORNAL NACIOLNAL
Nenhum comentário:
Postar um comentário