por Hugo Coelho
No dia em que a China executou um doente mental britânico, a activista da Amnistia Internacional denunciou ao DN o caso de um português que está no corredor da morte.
A Europa foi incapaz de impedir a China de executar ontem um britânico. Há um português no corredor da morte em Cantão. Existe esperança para ele?O anterior ministro da Justiça, Alberto Costa, afirmou em Macau que "Portugal não abandona os seus cidadãos". Desde então não sei de nada que tenha sido feito para salvar Lau Fat Wai. Espero que o Governo tenha vergonha e honre o compromisso. Geralmente abandonamos os portugueses para curvar, servilmente, as costas a Pequim.
O executado era doente mental. Houve quem dissesse que a China é um país da Idade Média...Qualquer execução é uma violência. A China não se preocupa com as circunstâncias. Executa pessoas por delitos menores, condena-as por confissões sob tortura. Não é um Estado de direito.
Acreditou que a execução seria suspensa no último momento?Acredito sempre. Mas a China está muito impermeável à pressão. Os Jogos Olímpicos foram um balão de ensaio. O mundo cedeu nessa altura. Hoje a China impõe o que quer e a comunidade internacional dobra a espinha. Enquanto não lhe fizer frente a China fará cada vez pior.
Pequim deixou que a família o visitasse na véspera da morte. Foi um sinal de compaixão?Pequim não tem compaixão. Quando muito estava a fazer uma falsa cedência ao mundo.
Como se vive no corredor?Muitos são acorrentados até ao dia de serem executados. Outros são bem tratados. Até vão ao médico. Porque logo que morram, tiram-lhes os órgãos para vender no estrangeiro. É um negócio. Israel fazia excursões de doentes, pagas pela segurança social, para irem fazer transplantes à China.
Londres fez muita pressão diplomática. Era possível fazer mais? A China só compreende uma linguagem. Ou boicotamos as cerimónias importantes - como será agora a abertura da Expo de Xangai - ou fazemos o comércio depender do respeito pelos direitos humanos.
Isso seria uma guerra aberta?A China também precisa de nós e só vai até onde a deixam ir. Quando os EUA fazem pressão libertam dissidentes, mesmo que a conta-gotas.Os EUA têm a pena de morte...Sim, é verdade. Neste assunto a Europa não pode contar com os EUA.
A pena de morte na China é uma questão cultural?Mais do que cultural, é uma questão autocrática. O comunismo continua a dominar o povo pelo medo.
FONTE:
DN GLOBO
http://dn.sapo.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=1458482&seccao=%C1sia
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