terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Oncologia

Descoberta proteína que protege células da quimioterapia
por DIANA MENDES

Um estudo publicado na 'Nature' abre a possibilidade de se silenciar dois genes associados a formas agressivas de cancro do sistema nervoso, travando a sua evolução. Outra investigação aponta que há proteínas que corrigem os erros do ADN, o que abre a porta a tratamentos mais eficazes e com menos efeitos secundários para todos os doentes.
Investigadores do Reino Unido encontraram uma forma de impedir a expansão do cancro ao mesmo tempo que se protege as células saudáveis dos efeitos da quimioterapia e se intensifica os seus benefícios. Os resultados foram publicado na Nature na última edição, a mesma em que foram publicados os resultados de um estudo que identifica os dois genes mais associados ao glioblastoma, o quarto cancro mais fatal.
Segundo os dados do primeiro estudo, há uma família de proteínas (small ubiquitin like modifier) que consegue reparar os estragos provocados no DNA e que estão associados ao aparecimento ou alastramento das células cancerígenas. Estas proteínas ligam-se às proteínas normais e conduzem-nas às zonas danificadas do ADN, corrigindo os erros genéticos.
Estas proteínas foram capazes de corrigir os erros mais graves, que afectam as moléculas em forma de dupla hélice. Depois de os corrigirem, as proteínas separam-se e seguem o seu caminho. Jo Morris, do King College London, que integrou uma de duas esquipas no estudo, diz, citado pela BBC News, que "este é o primeiro passo para desenvolver remédios que podem proteger as células dos efeitos secundários da quimioterapia ou aumentar a eficácia de tratamentos actuais, como os da mama".
Esta descoberta abre ainda a possibilidade de encontrar formas de combater o cancro, uma vez que o ADN pode ser reparado. Jorge Espírito Santo, presidente do colégio da especialidade de oncologia da Ordem dos Médicos, refere que o estudo abre perspectivas interessantes, uma vez que "a quimioterapia não dirigida provoca danos irreparáveis no ADN. Se proteger as células normais, teremos hipótese de tratar melhor, nomeadamente utilizando quimioterapia mais potente".
Por outro lado, se "se provar que os danos do ADN são corrigidos, deixaria de haver cancro", avança, salientando que estamos numa fase de "ficção. É um excelente caminho teórico".
Esta equipa de cientistas estudou o processo no gene BRCA1, um dos associados ao cancro da mama agressivo quando sofre mutações. E concluiu que reparando o gene é possível impedir a formação do cancro da mama.
Outra investigação, agora da Universidade de Columbia, identifica dois genes que estão associados a 60% dos glioblastomas, um dos cancros mais frequentes do sistema nervoso central. Os doentes que tinham os genes C/EPB e Stat3 activos morriam mais cedo. Quando estes genes foram silenciados nos genes do glioblastoma (em ratinhos), o cancro deixava de evoluir.
Vítor Gonçalves, neurocirurgião do Hospital de São José, diz que a descoberta "é importante nestes tumores, que afectam seis em cem mil pessoas (600 casos por ano). Apesar de representar perto de 2% dos cancros em doentes adultos é o quarto mais fatal actualmente, "com uma sobrevivência média de um ano, ano e meio".
No glioblastoma, sabemos que "há genes que são alterados e que conduzem à multiplicação celular demasiado rápida, conduzindo a cancros. Neste caso, as alterações surgem nos atrócitos, células de suporte que se multiplicam e evoluem para um tumor maligno".
Neste caso, sabemos que "quando um oncogénio é silenciado, a célula não se torna maligna. Mas não sabemos o que podemos estar a alterar. Pode até ser algo lesivo. Estamos perante um jogo de xadrez em que a doença faz sempre batota", alerta.
FONTE:
DN CIÊNCIA

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