quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Drogas

Álcool também é droga com efeitos "altamente perniciosos"
por Lusa

O presidente do Instituto da Droga e Toxicodependência (IDT) defendeu na segunda-feira que o álcool é também uma droga, cujo consumo intensivo tem efeitos "altamente perniciosos", havendo jovens com menos de 30 anos a quem foi detectada cirrose hepática.
João Goulão falava aos jornalistas no final da sua audição na Comissão Parlamentar de Saúde, onde apresentou o Relatório Anual sobre a Situação do País em Matéria de Drogas e Toxicodependências, que regista também, entre outros aspectos, um aumento das mortes por consumo de drogas em Portugal em 2008.
O relatório confirmou, igualmente, a tendência de Portugal funcionar como zona de trânsito do narcotráfico internacional, particularmente no caso da cocaína.
Quanto ao álcool, cujo consumo pelas camadas mais jovens é motivo de preocupação, o presidente do IDT alertou que se trata de uma das drogas "mais nocivas que circula entre nós", quando os padrões de consumo são intensivos, sendo hoje encontradas situações de cirrose hepática em jovens com menos de 30 anos, quando antigamente era uma doença das pessoas com mais de 50 anos.
João Goulão assume que o IDT está pronto a assumir o combate contra o problema do álcool e que já avançou com propostas concretas nesse sentido. Defendeu intervenções que levem à redução da oferta e da procura, sendo a primeira possível através do aumento da idade mínima a partir da qual é admissível a aquisição de álcool.
Tratamentos e outras medidas preventivas teriam um efeito na redução da procura, em articulação com outros serviços do Estado, indicou.
Questionado sobre o programa de troca de seringas nas prisões, João Goulão referiu que, apesar dessas trocas não se terem verificado nas experiências-piloto, houve reclusos que quiseram fazer tratamento à toxicodependência e que aquele programa pode ser reformulado.
Em sua opinião, a "grande pecha" foi a de não garantir de "uma forma blindada a confidencialidade", pelo que se percebe que os reclusos "não confiaram no sistema" para se assumirem como toxicodependentes, com medo que isso prejudicasse as saídas precárias.
O relatório hoje apresentando por João Goulão indica a cannabis como a substância ilícita com as mais elevadas taxas de prevalência de consumo em Portugal, seguida da cocaína e do ecstasy.
Quanto à heroína, "apesar de o consumo nos últimos anos ter vindo a perder visibilidade", continua a ser "a principal droga envolvida nos consumos problemáticos e a ter um consumo relevante entre a população reclusa nacional".
Em 2008, aumentou também o número de pessoas que recorreram às estruturas de tratamento" da toxicodependência, provavelmente "devido a uma maior e melhor articulação com as respostas no terreno", menciona uma síntese do relatório.
"A heroína continua a ser a substância mais referida como droga principal dos utentes em tratamento", apesar de "nos últimos anos" haver também "uma maior visibilidade" da cocaína, cannabis e álcool.
Em 2008 registaram-se 16 mortes causadas por dependência de drogas (de acordo com o critério da Lista Sucinta Europeia) e 20 casos de mortes relacionadas com o consumo de drogas (de acordo com o critério do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência).
Segundo o relatório, apesar de os números continuarem baixos, verifica-se desde 2006 um aumento do número destas mortes, contrariamente à tendência de decréscimo constatada nos anos anteriores.
FONTE:
DN CIÊNCIA

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