Data de publicação : 24 Dezembro 2009 - 10:54am
Por Louise Dunne
O Natal pode ser uma festa cristã, mas nem todos que o celebram são religiosos praticantes. Para muitos, esta festa é mais relacionada a uma reunião familiar, presentes e grandes jantares do que ao nascimento de Jesus Cristo. E com frequência muçulmanos que vivem em países cristãos também participam das festividades. Na Alemanha, por exemplo, Papai Noel pode até falar turco.
A grande maioria dos alemães se identifica como cristã, mas o país também tem cerca de três milhões de muçulmanos. E como eles vivem esta época de festas?
Ali veio do Iraque para a Alemanha há 13 anos, quando ainda era adolescente. Ele está estudando Engenharia e paga suas despesas com a universidade trabalhando em um mercado de final de semana em Berlim, no qual vende doces do Oriente Médio. Esta época do ano tem um significado especial para Ali porque ele e sua esposa se casaram no dia 24 de dezembro, dois anos atrás, mas sua participação na comemoração do Natal é limitada:
“Sou muçulmano, então não celebro o Natal. Uso os feriados para passar mais tempo com minha esposa e às vezes para ir ao mercado de Natal, estudar ou algo assim”, conta Ali.
O Natal hoje em dia é muito mais sobre presentes do que sobre religião. E isso traz problemas para famílias muçulmanas cujas crianças se sentem deixadas de lado quando veem seus amiguinhos cristãos ganharem tantos presentes. Idan Suer, filho de imigrantes turcos e professor de Sociologia em uma das universidades de Berlim, conta como uma amiga sua lida com a situação:
”A família dela e algumas outras famílias turcas se reúnem na noite de Natal e compram presentes para as crianças. Eles fazem uma versão turca do Natal, com música turca, comida turca e, é claro, o Papai Noel fala turco também. Não é uma coisa religiosa, é simplesmente uma forma de fazer as crianças felizes dando a elas pequenos presentes.”
Mas nem todos aprovam esta solução. Burham Kesici, vice-presidente da Federação Islâmica de Berlim, acredita que é importante delimitar a fronteira entre a esfera pública e a privada.
”Se amigos alemães o convidarem, então você pode celebrar com eles. Mas como muçulmano não é correto celebrar o Natal na esfera privada, com sua família, porque não é uma data islâmica.”
Kesici reconhece que é uma época difícil para os pais muçulmanos, mas ele acredita que eles devem resistir à pressão e explicar a seus filhos que o Natal – e os presentes associados a ele – não são parte da tradição islâmica. No entanto, ele diz, a popularidade da celebração do Natal já impregnou até a maneira com que os muçulmanos comemoram suas próprias festividades.
“No passado, nós não tínhamos o Ramadam como hoje. Agora fazemos grandes celebrações em várias instituições e compramos presentes para nossas crianças. Olhamos para o Natal cristão e resolvemos fazer a mesma coisa com nossas festividades.”
Trata-se de um desenvolvimento positivo, diz Burham Kesici, pois não só as crianças muçulmanas recebem os mesmos presentes que seus coleguinhas cristãos, mas estas grandes festas trazem uma maior consciência e colocam as celebrações islâmicas em maior evidência na comunidade como um todo.
FONTE:
RADIO NETHERLAND WERELDOMROEP
http://www.rnw.nl/pt-pt/portugu%C3%AAs/article/natal-mu%C3%A7ulmano-na-alemanha
O Natal pode ser uma festa cristã, mas nem todos que o celebram são religiosos praticantes. Para muitos, esta festa é mais relacionada a uma reunião familiar, presentes e grandes jantares do que ao nascimento de Jesus Cristo. E com frequência muçulmanos que vivem em países cristãos também participam das festividades. Na Alemanha, por exemplo, Papai Noel pode até falar turco.A grande maioria dos alemães se identifica como cristã, mas o país também tem cerca de três milhões de muçulmanos. E como eles vivem esta época de festas?
Ali veio do Iraque para a Alemanha há 13 anos, quando ainda era adolescente. Ele está estudando Engenharia e paga suas despesas com a universidade trabalhando em um mercado de final de semana em Berlim, no qual vende doces do Oriente Médio. Esta época do ano tem um significado especial para Ali porque ele e sua esposa se casaram no dia 24 de dezembro, dois anos atrás, mas sua participação na comemoração do Natal é limitada:
“Sou muçulmano, então não celebro o Natal. Uso os feriados para passar mais tempo com minha esposa e às vezes para ir ao mercado de Natal, estudar ou algo assim”, conta Ali.
O Natal hoje em dia é muito mais sobre presentes do que sobre religião. E isso traz problemas para famílias muçulmanas cujas crianças se sentem deixadas de lado quando veem seus amiguinhos cristãos ganharem tantos presentes. Idan Suer, filho de imigrantes turcos e professor de Sociologia em uma das universidades de Berlim, conta como uma amiga sua lida com a situação:
”A família dela e algumas outras famílias turcas se reúnem na noite de Natal e compram presentes para as crianças. Eles fazem uma versão turca do Natal, com música turca, comida turca e, é claro, o Papai Noel fala turco também. Não é uma coisa religiosa, é simplesmente uma forma de fazer as crianças felizes dando a elas pequenos presentes.”
Mas nem todos aprovam esta solução. Burham Kesici, vice-presidente da Federação Islâmica de Berlim, acredita que é importante delimitar a fronteira entre a esfera pública e a privada.
”Se amigos alemães o convidarem, então você pode celebrar com eles. Mas como muçulmano não é correto celebrar o Natal na esfera privada, com sua família, porque não é uma data islâmica.”
Kesici reconhece que é uma época difícil para os pais muçulmanos, mas ele acredita que eles devem resistir à pressão e explicar a seus filhos que o Natal – e os presentes associados a ele – não são parte da tradição islâmica. No entanto, ele diz, a popularidade da celebração do Natal já impregnou até a maneira com que os muçulmanos comemoram suas próprias festividades.
“No passado, nós não tínhamos o Ramadam como hoje. Agora fazemos grandes celebrações em várias instituições e compramos presentes para nossas crianças. Olhamos para o Natal cristão e resolvemos fazer a mesma coisa com nossas festividades.”
Trata-se de um desenvolvimento positivo, diz Burham Kesici, pois não só as crianças muçulmanas recebem os mesmos presentes que seus coleguinhas cristãos, mas estas grandes festas trazem uma maior consciência e colocam as celebrações islâmicas em maior evidência na comunidade como um todo.
FONTE:
RADIO NETHERLAND WERELDOMROEP
http://www.rnw.nl/pt-pt/portugu%C3%AAs/article/natal-mu%C3%A7ulmano-na-alemanha


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