por PATRÍCIA JESUS
Só agora vai ser testado em humanos, mas pode destronar o 'Tamiflu' e o 'Relenza' no tratamento da gripe A e da gripe das aves. Os virologistas insistem que é preciso alternativas para o caso de haver mais mutações.
Um medicamento experimental contra o vírus da gripe aviária, o H5N1, está a ter melhores resultados no tratamento da gripe A do que os antivirais recomendados pela Organização Mundial de Saúde: o Tamiflu e o Relenza. O favipiravir só agora vai começar a ser testado em humanos, mas os virologistas dizem que é importante ter uma alternativa aos actuais tratamentos, já que começam a surgir resistências e dúvidas sobre a sua eficácia.
Para o virologista Jaime Nina, do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (Insa), desenvolver novos antivirais contra a gripe é "uma necessidade e uma prioridade" porque "estar dependente de um único grupo de medicamentos é um perigo". "Basta uma mutação para ficarmos sem tratamentos eficazes contra a pandemia", explica.
Isto porque tanto o Tamiflu como o Relenza pertencem ao mesmo grupo - "inibidores da neuraminidase" - e quando um doente desenvolve resistência a um, o outro também perde eficácia. Assim, apesar de o Relenza estar a ser usado quando o Tamiflu deixa de funcionar, "os resultados não têm sido brilhantes".
Segundo a última edição da revista Proceedings of the National Academy of Sciences, onde os investigadores japoneses e norte-americanos publicaram a sua investigação, este novo medicamento funciona de forma diferente dos antivirais actuais - tem como alvo uma enzima essencial à sobrevivência do vírus.
E, de acordo com aquele estudo, funciona "muito melhor" do que o Tamiflu até três dias depois da infecção - quando ambos os medicamentos foram usados nessa altura, o favipiravir foi duas vezes mais eficaz. Isso pode ser fundamental uma vez que muitas pessoas só procuram os serviços de saúde depois de algum tempo com sintomas, realçam os autores.Mas é preciso passar dos testes em ratinhos de laboratório para os testes em humanos.
Além disso, nas últimas semanas surgiram várias vozes na comunidade científica a questionar a falta de estudos que comprovem a eficácia do Tamiflu. Jaime Nina considera, contudo, que o antiviral tem dado provas da sua eficácia.
A investigação na área dos antivirais ganhou grande fôlego na última década, graças à procura de tratamentos para a sida, acrescenta o especialista do Insa. "Para se chegar agora a esta fase de testes em humanos esta pesquisa tem de ter mais de 10 anos", explica, acrescentando que estamos a assistir à "explosão dos antivirais" .
A área da gripe, por sua vez, é muito apetecível, uma vez que existem apenas dois tratamentos disponíveis, que tinham sido desenvolvidos para gripe aviária. E apesar de o H1N1 ter prendido a atenção do mundo no último ano, o H5N1 continua a circular e é bem mais agressivo e mortal: infectou 447 pessoas e matou mais de metade desde 2003.
FONTE:
DN PORTUGAL
http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1454967
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