Entenda a criação de células com genoma sintético
Pesquisadores nos Estados Unidos anunciaram ter desenvolvido as primeiras células controladas por um genoma sintético.
Muitos cientistas consideram o feito um marco rumo ao desenvolvimento de vida artificial.
A BBC preparou uma série de perguntas e respostas para ajudar você a entender o avanço e suas implicações éticas.
Os cientistas criaram vida sintética?
Eles colocaram um genoma sintético em uma célula e a experiência funcionou, mas não criaram totalmente essa célula.
O genoma é o conjunto de genes de um organismo vivo. Os genes, feitos de DNA (ácido desoxirribonucleico), são a unidade básica da hereditariedade, sendo responsáveis por definir as características básicas de cada ser vivo.
No experimento, os cientistas pegaram células de uma espécie de bactéria que já existe (Mycoplasma micoides), tiraram do interior delas o material genético que tinham e as usaram como recipiente para um outro genoma, sequenciado artificialmente. Mas apenas o genoma, o DNA dentro da célula, é inteiramente sintético.
Os pesquisadores construíram quimicamente os blocos de DNA e os inseriram nas células, que acomodou os blocos em um cromossomo (sequencia de DNA, que contém vários genes) completo.
Essas células, segundo os pesquisadores, são as primeiras formas de vida controladas totalmente por um genoma sintético.
O que os cientistas farão com a bacteria sintética?
A equipe do doutor Craig Venter, responsável pelo avanço, espera usar a tecnologia para projetar novas bactérias que poderiam desempenhar funções úteis.
A equipe já colabora com companhias farmacêuticas e de combustíveis para projetar e desenvolver cromossomos para bactérias que produzam combustíveis ou novas vacinas.
Uma das metas é criar bactérias que absorvam dióxido de carbono e, dessa forma, ajudem o meio ambiente.
Eles poderiam usar a mesma tecnologia para criar organismos mais complexos, como plantas?
Em tese sim, mas o objetivo por hora é criar células bacterianas. Elas são ideais porque, potencialmente, poderiam produzir substâncias úteis para nós.
Venter diz acreditar que estas bactérias poderiam criar “uma nova revolução industrial”.
Em termos genéticos, as bactérias são estruturas simples. Elas geralmente têm um único cromossomo circular. Cada célula do corpo humano possui 23 pares de cromossomos maiores e lineares. A bactéria tem, portanto, menos informação em seus genomas e foi possível sequenciar e copiar toda essa informação.
Venter diz que levar a tecnologia para organismos mais sofisticados pode ser possível, mas os cientistas ainda levariam muitos anos para fazer isso.
Existem preocupações éticas sobre criar vida?
Críticos vem acusando Venter de “brincar de Deus” e acreditam não ser papel dos humanos projetar novas formas de vida.
Existem ainda preocupações ligadas à segurança do processo.
O professor Julian Savulescu, especialista em ética da Universidade britânica de Oxford, defende a pesquisa, enxergando seu potencial “no futuro distante, mas real e significativo: lidando com a poluição, novas fontes de energia, novas formas de comunicação”.
“Mas os riscos também são grandes. Precisamos de novas normas de segurança, para evitar abusos militares ou terroristas”, diz ele.
“A tecnologia poderia ser usada para a criação das mais poderosas armas biológicas imagináveis. O desafio é comer o fruto e não o verme.”
Venter diz estar levando em consideração as repercussões éticas desde que começou a pesquisar o tema.
“Encomendamos um grande estudo sobre as repercussões éticas. Em 2003, quando criamos o primeiro vírus sintético, a análise ética foi tão grande que recebeu um parecer da Casa Branca”, diz ele.
Muitos cientistas consideram o feito um marco rumo ao desenvolvimento de vida artificial.
A BBC preparou uma série de perguntas e respostas para ajudar você a entender o avanço e suas implicações éticas.
Os cientistas criaram vida sintética?
Eles colocaram um genoma sintético em uma célula e a experiência funcionou, mas não criaram totalmente essa célula.
O genoma é o conjunto de genes de um organismo vivo. Os genes, feitos de DNA (ácido desoxirribonucleico), são a unidade básica da hereditariedade, sendo responsáveis por definir as características básicas de cada ser vivo.
No experimento, os cientistas pegaram células de uma espécie de bactéria que já existe (Mycoplasma micoides), tiraram do interior delas o material genético que tinham e as usaram como recipiente para um outro genoma, sequenciado artificialmente. Mas apenas o genoma, o DNA dentro da célula, é inteiramente sintético.
Os pesquisadores construíram quimicamente os blocos de DNA e os inseriram nas células, que acomodou os blocos em um cromossomo (sequencia de DNA, que contém vários genes) completo.
Essas células, segundo os pesquisadores, são as primeiras formas de vida controladas totalmente por um genoma sintético.
O que os cientistas farão com a bacteria sintética?
A equipe do doutor Craig Venter, responsável pelo avanço, espera usar a tecnologia para projetar novas bactérias que poderiam desempenhar funções úteis.
A equipe já colabora com companhias farmacêuticas e de combustíveis para projetar e desenvolver cromossomos para bactérias que produzam combustíveis ou novas vacinas.
Uma das metas é criar bactérias que absorvam dióxido de carbono e, dessa forma, ajudem o meio ambiente.
Eles poderiam usar a mesma tecnologia para criar organismos mais complexos, como plantas?
Em tese sim, mas o objetivo por hora é criar células bacterianas. Elas são ideais porque, potencialmente, poderiam produzir substâncias úteis para nós.
Venter diz acreditar que estas bactérias poderiam criar “uma nova revolução industrial”.
Em termos genéticos, as bactérias são estruturas simples. Elas geralmente têm um único cromossomo circular. Cada célula do corpo humano possui 23 pares de cromossomos maiores e lineares. A bactéria tem, portanto, menos informação em seus genomas e foi possível sequenciar e copiar toda essa informação.
Venter diz que levar a tecnologia para organismos mais sofisticados pode ser possível, mas os cientistas ainda levariam muitos anos para fazer isso.
Existem preocupações éticas sobre criar vida?
Críticos vem acusando Venter de “brincar de Deus” e acreditam não ser papel dos humanos projetar novas formas de vida.
Existem ainda preocupações ligadas à segurança do processo.
O professor Julian Savulescu, especialista em ética da Universidade britânica de Oxford, defende a pesquisa, enxergando seu potencial “no futuro distante, mas real e significativo: lidando com a poluição, novas fontes de energia, novas formas de comunicação”.
“Mas os riscos também são grandes. Precisamos de novas normas de segurança, para evitar abusos militares ou terroristas”, diz ele.
“A tecnologia poderia ser usada para a criação das mais poderosas armas biológicas imagináveis. O desafio é comer o fruto e não o verme.”
Venter diz estar levando em consideração as repercussões éticas desde que começou a pesquisar o tema.
“Encomendamos um grande estudo sobre as repercussões éticas. Em 2003, quando criamos o primeiro vírus sintético, a análise ética foi tão grande que recebeu um parecer da Casa Branca”, diz ele.
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