Clima
Mais seis graus até ao fim do século
por LUÍS NAVESNas vésperas da Cimeira de Copenhaga continuam a ser produzidos estudos que mostram uma aceleração da produção de gases com efeito de estufa. Mas neste caso há uma conclusão mais grave: os sistemas naturais de absorção de dióxido de carbono (oceanos, florestas) estão a ficar menos eficientes
A duas semanas da cimeira das Nações Unidas sobre clima, em Copenhaga, continuam a ser publicados estudos com indicadores contraditórios sobre o estado do planeta. Ontem, foi divulgado na revista Nature Geoscience um estudo inserido no Projecto Global de Carbono (PGC) cujas conclusões são, no mínimo, alarmantes.
Segundo concluiu a equipa de Corinne Le Quéré, da Universidade de East Anglia e do British Antarctic Survey, as emissões de dióxido de carbono (CO2) aumentaram 29% na actual década. A manter-se a tendência de emissões de gases com efeito de estufa, a temperatura média do planeta poderá aumentar 6 graus centígrados até ao final do século XXI.
Refira-se que o PGC é uma rede científica internacional que recolhe e analisa dados de milhares de observações. O dióxido de carbono resulta da queima de combustíveis fósseis (carvão e petróleo) e é considerado o gás com efeito de estufa que mais contribui para as alterações climáticas.
A nível político, houve uma tentativa de entendimento para a redução das emissões, o Protocolo de Quioto, cujos níveis após 2012 vão ser negociados em Copenhaga. O ano de referência é 1990. A avaliar pelos números deste estudo, e em relação aos valores base do Protocolo de Quioto (1990), o aumento das emissões foi de 41%. Entre 2000 e 2008, o ritmo anual de aumento de dióxido de carbono produzido foi de 3,4%. A equipa de cientistas britânicos também concluiu que a recente crise financeira internacional provocou uma redução no ritmo das emissões globais, com o aumento a limitar-se a metade dos anos anteriores.
Há uma conclusão ainda mais preocupante: trata-se da avaliação da proporção do dióxido de carbono que fica na atmosfera e do que é absorvido pelos oceanos e florestas. Nos últimos 50 anos a proporção média de gás que ficou na atmosfera foi de 43% do emitido, mas os últimos anos indicam uma menor eficiência destes sistemas naturais de compensação. A proporção do dióxido de carbono atmosférico subiu para 45%.
Estes dados podem ter enormes implicações políticas, pois as potências industrializadas querem limitar o aumento da temperatura média do planeta a 2 graus centígrados até 2100. A redução das emissões negociada em Copenhaga teria de ser bem mais drástica do que parece ser possível, dada a resistência de muitos países. Um aumento de 6 graus centígrados, como sugere este estudo, teria vastas implicações: extremos climáticos, tempestades catastróficas, aumento do nível dos oceanos, fomes e secas em larga escala.
Mais seis graus até ao fim do século
por LUÍS NAVESNas vésperas da Cimeira de Copenhaga continuam a ser produzidos estudos que mostram uma aceleração da produção de gases com efeito de estufa. Mas neste caso há uma conclusão mais grave: os sistemas naturais de absorção de dióxido de carbono (oceanos, florestas) estão a ficar menos eficientes
A duas semanas da cimeira das Nações Unidas sobre clima, em Copenhaga, continuam a ser publicados estudos com indicadores contraditórios sobre o estado do planeta. Ontem, foi divulgado na revista Nature Geoscience um estudo inserido no Projecto Global de Carbono (PGC) cujas conclusões são, no mínimo, alarmantes.
Segundo concluiu a equipa de Corinne Le Quéré, da Universidade de East Anglia e do British Antarctic Survey, as emissões de dióxido de carbono (CO2) aumentaram 29% na actual década. A manter-se a tendência de emissões de gases com efeito de estufa, a temperatura média do planeta poderá aumentar 6 graus centígrados até ao final do século XXI.
Refira-se que o PGC é uma rede científica internacional que recolhe e analisa dados de milhares de observações. O dióxido de carbono resulta da queima de combustíveis fósseis (carvão e petróleo) e é considerado o gás com efeito de estufa que mais contribui para as alterações climáticas.
A nível político, houve uma tentativa de entendimento para a redução das emissões, o Protocolo de Quioto, cujos níveis após 2012 vão ser negociados em Copenhaga. O ano de referência é 1990. A avaliar pelos números deste estudo, e em relação aos valores base do Protocolo de Quioto (1990), o aumento das emissões foi de 41%. Entre 2000 e 2008, o ritmo anual de aumento de dióxido de carbono produzido foi de 3,4%. A equipa de cientistas britânicos também concluiu que a recente crise financeira internacional provocou uma redução no ritmo das emissões globais, com o aumento a limitar-se a metade dos anos anteriores.
Há uma conclusão ainda mais preocupante: trata-se da avaliação da proporção do dióxido de carbono que fica na atmosfera e do que é absorvido pelos oceanos e florestas. Nos últimos 50 anos a proporção média de gás que ficou na atmosfera foi de 43% do emitido, mas os últimos anos indicam uma menor eficiência destes sistemas naturais de compensação. A proporção do dióxido de carbono atmosférico subiu para 45%.
Estes dados podem ter enormes implicações políticas, pois as potências industrializadas querem limitar o aumento da temperatura média do planeta a 2 graus centígrados até 2100. A redução das emissões negociada em Copenhaga teria de ser bem mais drástica do que parece ser possível, dada a resistência de muitos países. Um aumento de 6 graus centígrados, como sugere este estudo, teria vastas implicações: extremos climáticos, tempestades catastróficas, aumento do nível dos oceanos, fomes e secas em larga escala.
FONTE:
DN CIÊNCIA
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