terça-feira, 3 de novembro de 2009

Avanços na pesquisa da malária
Data de publicação : 2 Novembro 2009 - 2:26pm

Uma grande pesquisa está sendo feita em sete países africanos para desenvolver uma vacina contra a malária tropical. Mas mesmo agora, com uma vacina que ainda não protege 100%, o número de crianças que morrem anualmente por esta doença inerradicável já vem diminuindo.
Pesquisadores, políticos e funcionários do setor de saúde se reunirão nesta semana na capital queniana, Nairóbi, para a quinta Conferência Pan-africana sobre Malária. E há boas notícias. O número de crianças que morrem de malária na África está diminuindo e, se não houver contratempos, em 2011 será registrada a primeira vacina contra a malária tropical.
Cientistas estão trabalhando na África em uma das maiores pesquisas clínicas para uma vacina contra a malária. Dezesseis mil crianças de sete países estão participando. De todas as vacinas desenvolvidas até agora, a do laboratório GlaxoSmithKline é a mais promissora. O coquetel inclui elementos do parasita da malária, Plasmodium falciparum, o vírus da hepatite B e um intensificador para colocar o sistema imunológico em funcionamento.

Esperanças

É uma continuação de uma pesquisa menor feita anteriormente em Moçambique. A vacina testada não oferece proteção total, mas diminui bastante o número de mortes, diz o professor emérito Piet Kager (foto), do Centro Médico Acadêmico da Universidade de Amsterdã (AMC).
“Experimentos realizados há alguns anos em Moçambique mostraram que a vacina é eficiente para reduzir em 30% a 40% a gravidade da doença e a mortalidade entre crianças. Estas crianças ainda têm malária, mas frequentemente apenas alguns parasitas. Elas tiveram o efeito da vacina e também um reforço natural dela e isso durou pelo menos 18 meses, o que é bastante tempo."
Como as crianças vacinadas têm uma forma mais branda de malária, elas provavelmente criam também imunidade contra a doença, de maneira que, quando mais velhas, não a pegam mais.

Parasita difícil

A pesquisa é especificamente direcionada para a malária tropical na África, que é causada pelo Plasmodium falciparum. Para a variante da malária mais frequente na América Latina e Ásia - causada pelo Plasmodium vivax -, uma outra vacina é necessária. E isto é mais complicado do que se pensava, porque o parasita não é facilmente cultivado em laboratório. Por isso as pesquisas são limitadas.
O Plasmodium vivax também foi deixado de lado pelos pesquisadores por muito tempo porque era visto como um parasita menos agressivo, já que crianças ficavam doentes, mas não morriam por causa da doença. E até pouco tempo atrás a doença era relativamente fácil de se tratar, como explica Piet Kager.
“Até recentemente este parasita era sensível ao tratamento com chloroquine, o melhor e mais barato medicamento para malária. Mas agora o parasita desenvolveu resistência e está se espalhando. Está aumentando. E se isso aumentar em todo o mundo nós realmente teremos um problema. E aí nós gostaríamos de ter uma vacina contra o vivax também, porque a vacina contra o Plasmodium falciparum não é eficiente contra ele. E este é o problema.”

Medidas ‘antiquadas’

Kager constatou que a atenção para o combate do Plasmodium vivax aumentou e que muito dinheiro está sendo investido na pesquisa para uma vacina específica. Mas, num futuro próximo, uma vacina será certamente complementar. Medidas ‘antiquadas’ como bons mosquiteiros e eliminação de poças continuam sendo importantes.
”Reduzir o número de mosquitos, reduzir o número de novos mosquitos, larvas, reduzir o número de poças onde eles possam se reproduzir foi muito eficiente no passado e são medidas importantes. Tendemos a esquecer estas coisas porque tivemos avanços técnicos como o DDT e chloroquine, então não prestamos muita atenção aos meios antigos que já tínhamos.”
Sem vacina contra a malária, mas com a ajuda de serviços de saúde adequados e prevenção, regiões africanas como Kwazulu Natal e Zanzibar hoje estão livres da doença. Piet Kager não espera ter uma vacina totalmente eficiente contra a malária no mercado nos próximos dez anos, mas se os recursos existentes forem bem utilizados, uma vacina com proteção total nem será mais necessária.

FONTE:
RDW - RADIO NEDERLAND WERELDOMROEP - HOLANDA

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