terça-feira, 3 de novembro de 2009

Violência
Suicida talibã faz explodir hotel em cidade do Paquistão
por LUMENA RAPOSO - Hoje
Os atentados de ontem em Rawalpindi, em que morreram 35 pessoas, e Lahore - 15 feridos - coincidem com a operação contra os extremistas no Vaziristão do Sul e com a partida da ONU.
Duas cidades paquistanesas foram ontem palco de atentados: Rawalpindi e Lahore. Na primeira, um suicida fez-se explodir e à sua moto junto a um banco: 35 mortos e mais de 60 feridos. Horas depois, uma outra explosão perto de uma barreira militar nos arredores de Lahore, fazia 15 feridos. Estes atentados ocorrem no dia em que a ONU, alvo de um violento ataque no início do mês, anunciou a retirada do seu pessoal expatriado do noroeste do país.
"Esperava a minha vez no exterior do banco; a bomba explodiu com um enorme barulho; todos fugimos. Vi sangue e partes de cadáveres por todo o lado", disse à Associated Press Mohammad Mush- taq, que ficou ferido no atentado de Rawalpindi. E este militar, de 22 anos, adiantou: "Um odor a carne queimada encheu o ar e desmaiei quando fui atingido por um objecto muito duro."
Mohammad Saleem, por seu turno, procurava desesperado o filho. "Deixei o meu carro no parque de estacionamento e o meu filho ficou lá dentro", disse e lamentou-se: "Agora não me deixam lá ir e eu não sei onde está o meu filho."
O atentado de Rawalpindi visou uma fila de pessoas, entre elas vários militares, que esperavam a sua vez para receber o ordenado, pago através do Banco Nacional, como acontece no início de cada mês. A instituição bancária, integrada numa zona comercial e perto de um hotel de luxo, não fica longe do quartel-general do exército, o mesmo que, no passado dia 10, foi atacado pelos rebeldes que o mantiveram durante 24 horas em seu poder e fizeram 20 mortos durante o ataque.
A explosão foi tão violenta que alguns corpos foram projectados a mais de 50 metros, outros ficaram feitos em pedaços, que eram recolhidos pelos socorristas, e outros ainda totalmente carbonizados, segundo jornalistas no local.
Tanto o atentado de Rawalpindi como o de Lahore não foram reivindicados mas os responsáveis paquistaneses, que condenaram com veemência as duas acções, apontam o dedo aos talibãs, alvos de uma ofensiva militar no Vaziristão do Sul desde o dia 17.
A vaga de violência, que já fez mais de 2400 mortos em dois anos no Paquistão, atingiu também o pessoal das Nações Unidas a trabalhar no país: só este ano, a ONU perdeu ali 11 elementos. Ontem, as Nações Unidas anunciaram a retirada do seu pessoal expatriado das zonas tribais do Paquistão e da sua Província da Fronteira Noroeste. Esta decisão não terá agradado a Washington, que conta com o pessoal da ONU e o seu trabalho na área para ajudar a conter a expansão dos talibãs. Mas a porta-voz da organização, Amena Kamaal, foi clara: "Perdemos 11 dos nossos colegas por causa da situação da segurança."
FONTE:
DN GLOBO

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