Um destacado cientista chinês alertou para os perigos do "uso excessivo de meios artificiais" para provocar chuva ou nevões, como aconteceu em Pequim terça-feira, pela segunda vez em apenas dez dias.
"Não devemos depender demasiado dos meios artificiais para obter chuva ou neve porque lá em cima, no céu, há muitas incertezas", disse Xiao Gang, professor do Instituto de Física Atmosférica da Academia Chinesa das Ciências, citado hoje pelo jornal China Daily.
A advertência do cientista foi divulgada um dia depois do segundo nevão em Pequim em menos de duas semanas, e que, segundo a imprensa local, foi também parcialmente "induzido por meios artificiais"
Xiao Gang considera que não é possível calcular com rigor o grau de manipulação necessário para mudar o céu, mas revelou que "experiências anteriores mostram que os meios artificiais podem aumentar de 10 a 20 por cento o índice de precipitação e a quantidade de neve".
O primeiro nevão deste ano, na noite de 31 de Outubro para 01 de Novembro, foi induzido por 84 cargas de iodeto de prata disparadas para as nuvens.
Aquele agente químico, usado outrora na revelação de fotografias, aumenta a densidade das nuvens, provocando chuva ou neve.
"Devido à prolongada seca que afecta Pequim, não perdemos nenhuma oportunidade de provocar uma precipitação artificial", disse na altura o chefe do Gabinete de Modificação Climática da cidade, Zhang Qiang.
Há mais de 20 anos que não nevava tão cedo em Pequim.
Um funcionário do referido Gabinete disse que o nevão de terça-feira, igualmente excepcional para esta altura do ano, foi também induzido, mas não adiantou mais pormenores.
A tecnologia para limpar as principais artérias da cidade está também a ser criticada.
Terça-feira, foram utilizadas mais de 5.500 toneladas de agentes químicos para derreter a neve e dissolver o gelo, "a maior quantidade do género usada nos últimos anos", disse um funcionário do Gabinete de Gestão Ambiental.
O funcionário afirmou estar "consciente dos perigos" causados pelos agentes químicos, mas sustentou que "não há melhor opção para limpar efectivamente a neve".
Um dos componentes do produto usado na operação de limpeza é o clorido, um agente químico que "corrói as estruturas de aço dos edifícios", alertou um engenheiro civil chinês.
Outro produto nocivo utilizado com o mesmo fim é o sal, que, segundo um professor da Universidade de Engenharia Florestal de Pequim, acaba por se infiltrar nos solos, "o que não é aconselhável para o crescimento de plantas".
Mais de 10.000 árvores e 200 mil metros quadrados de relva morreram devido ao excesso de sal usado em 2005 para limpar a neve das ruas, referiu o jornal China Daily.
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
Clima
FONTE:
DN GLOBO
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