por HELENA TECEDEIRO Hoje
Nigeriano Ehiem surge em escutas a ex-presidente do Conselho das Obras Públicas.
"Ele a que horas tem de regressar ao seminário?" A pergunta não teria nada de mal se não tivesse sido feita por Angelo Balducci, o ex-presidente do Conselho das Obras Públicas italiano já preso por corrupção, ao homem que lhe fornecia prostitutos para encontros amorosos a troco de avultadas quantias. O destinatário da chamada - transcrita nas 72 páginas de escutas a Balducci agora divulgadas - era Chinedu Thomas Ehiem, nigeriano membro do selecto coral da Capela Giulia, entretanto afastado pelo Vaticano.
Identificado apenas como "Mike", Ehiem esteve em contacto com Balducci durante os últimos dois anos. Vinte e quatro meses durante os quais forneceu prostitutos ao engenheiro a um ritmo de dois a três por semana. Seminaristas da sua maioria, a escolha recaía por vezes também sobre imigrantes ilegais em busca de dinheiro e de uma autorização de residência em Itália.
Balducci terá chegado a usar a sua influência tanto junto do Vaticano como junto do Governo para ajudar alguns dos prostitutos que contratava por valores que chegavam aos dois mil euros por encontro. Cavalheiro de Sua Santidade desde 1995 - a maior honra conferida pelo Vaticano a um leigo - o ingegniere, casado e pai de dois filhos, trabalhou com a Santa Sé na preparação de eventos como a canonização do Padre Pio e do fundador da Opus Dei, Josemaría Escrivá de Balaguer ou a beatificação da madre Teresa de Calcutá.
Em Fevereiro, Balducci foi detido por suspeitas de corrupção, relacionada com a atribuição de contratos de obras públicas como a cimeira do G8, prevista para a Sardenha e depois transferida para L'Aquila, o Campeonato do Mundo de Natação 2009 ou as comemorações dos 150 anos da unificação de Itália em 2011.
Foi no âmbito da investigação por corrupção que a polícia italiana ficou a conhecer, através das escutas, que Balducci costumava contratar prostitutos através de Ehiem. Caso as revelações agora feitas pelos meios de comunicação italianos estejam correctas, esta pode ser apenas a ponta do icebergue de uma vasta rede de prostituição masculina que liga o Vaticano e os seminários de Roma. Além de ter afastado Ehiem, a Santa Sé garantiu que o corista (o coro da Capela Giulia actua na Basílica de São Pedro quando o Papa não está presente - nessas altura actua o coro da Capela Sistina) já foi afastado e que não era um seminarista, mas sim um laico.
Ehiem e o seu assistente, Lorenzo Renzi, de 33 anos, controlavam uma rede de aspirantes a padre e imigrantes cujos serviços iam oferecendo a Balducci. As escutas revelam que este não hesitava em atender os telefonemas dos prostitutos nos locais menos próprios, quer se tratasse da sede da presidência do Governo quer de uma audiência com um cardeal.
Nas chamadas para Balducci, Ehiem costumava descrever os prostitutos disponíveis. "Angelo, não estás a ver... Dois metros, 97 quilos, 33 anos e completamente activo", afirmou uma vez o corista numa escuta citada pelo diário italiano La Repubblica. Mas alguns telefonemas eram menos esclarecedores: "Tenho uma situação em Nápoles" ou "Já tenho o futebolista" eram algumas informações dadas pelo nigeriano ao ex-responsável pela protecção civil italiana.
Os prostitutos, por seu lado, recebiam instruções sobre como agir nos encontros com Balducci. "Vais ganhar dois mil euros. Precisas do dinheiro. Pões música, sacas da [parte da conversa imperceptível], tomas o Viagra e segue!", afirma Renzi numa escuta.
Inquirido sobre estas escutas, o advogado de Balducci, Franco Coppi, disse à Reuters que o seu cliente "tem coisas mais sérias em que pensar".
"Ele a que horas tem de regressar ao seminário?" A pergunta não teria nada de mal se não tivesse sido feita por Angelo Balducci, o ex-presidente do Conselho das Obras Públicas italiano já preso por corrupção, ao homem que lhe fornecia prostitutos para encontros amorosos a troco de avultadas quantias. O destinatário da chamada - transcrita nas 72 páginas de escutas a Balducci agora divulgadas - era Chinedu Thomas Ehiem, nigeriano membro do selecto coral da Capela Giulia, entretanto afastado pelo Vaticano.
Identificado apenas como "Mike", Ehiem esteve em contacto com Balducci durante os últimos dois anos. Vinte e quatro meses durante os quais forneceu prostitutos ao engenheiro a um ritmo de dois a três por semana. Seminaristas da sua maioria, a escolha recaía por vezes também sobre imigrantes ilegais em busca de dinheiro e de uma autorização de residência em Itália.
Balducci terá chegado a usar a sua influência tanto junto do Vaticano como junto do Governo para ajudar alguns dos prostitutos que contratava por valores que chegavam aos dois mil euros por encontro. Cavalheiro de Sua Santidade desde 1995 - a maior honra conferida pelo Vaticano a um leigo - o ingegniere, casado e pai de dois filhos, trabalhou com a Santa Sé na preparação de eventos como a canonização do Padre Pio e do fundador da Opus Dei, Josemaría Escrivá de Balaguer ou a beatificação da madre Teresa de Calcutá.
Em Fevereiro, Balducci foi detido por suspeitas de corrupção, relacionada com a atribuição de contratos de obras públicas como a cimeira do G8, prevista para a Sardenha e depois transferida para L'Aquila, o Campeonato do Mundo de Natação 2009 ou as comemorações dos 150 anos da unificação de Itália em 2011.
Foi no âmbito da investigação por corrupção que a polícia italiana ficou a conhecer, através das escutas, que Balducci costumava contratar prostitutos através de Ehiem. Caso as revelações agora feitas pelos meios de comunicação italianos estejam correctas, esta pode ser apenas a ponta do icebergue de uma vasta rede de prostituição masculina que liga o Vaticano e os seminários de Roma. Além de ter afastado Ehiem, a Santa Sé garantiu que o corista (o coro da Capela Giulia actua na Basílica de São Pedro quando o Papa não está presente - nessas altura actua o coro da Capela Sistina) já foi afastado e que não era um seminarista, mas sim um laico.
Ehiem e o seu assistente, Lorenzo Renzi, de 33 anos, controlavam uma rede de aspirantes a padre e imigrantes cujos serviços iam oferecendo a Balducci. As escutas revelam que este não hesitava em atender os telefonemas dos prostitutos nos locais menos próprios, quer se tratasse da sede da presidência do Governo quer de uma audiência com um cardeal.
Nas chamadas para Balducci, Ehiem costumava descrever os prostitutos disponíveis. "Angelo, não estás a ver... Dois metros, 97 quilos, 33 anos e completamente activo", afirmou uma vez o corista numa escuta citada pelo diário italiano La Repubblica. Mas alguns telefonemas eram menos esclarecedores: "Tenho uma situação em Nápoles" ou "Já tenho o futebolista" eram algumas informações dadas pelo nigeriano ao ex-responsável pela protecção civil italiana.
Os prostitutos, por seu lado, recebiam instruções sobre como agir nos encontros com Balducci. "Vais ganhar dois mil euros. Precisas do dinheiro. Pões música, sacas da [parte da conversa imperceptível], tomas o Viagra e segue!", afirma Renzi numa escuta.
Inquirido sobre estas escutas, o advogado de Balducci, Franco Coppi, disse à Reuters que o seu cliente "tem coisas mais sérias em que pensar".
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