domingo, 14 de março de 2010

CRISE

Colonos judeus desafiam EUA
por LUMENA RAPOSO, VICE-PRESIDENTE DOS EUA

Após Governo pedir desculpas por anúncio do alargamento de colonato, líder de outro revela nova construção
"Não pertencemos aos Estados Unidos mas ao Estado de Israel. A visita do vice-presidente dos EUA nada tem a ver com isto." "Isto" é o anúncio, feito ontem, pelo responsável do colonato judaico de Elkana, na Cisjordânia, sobre a construção de um novo bairro no local.
Esta decisão tem todos os ingredientes para agudizar a crise desencadeada na terça-feira quando o Governo de Benjamin Netanyahu fez saber que mais 1600 casas para judeus ultra-ortodoxos vão ser construídas em Ramat Shlomo, um colonato em Jerusalém Oriental. Este anúncio foi entendido como uma afronta aos EUA, porque feito no fim do primeiro dia da visita oficial a Israel do vice- -presidente americano, Joe Biden. Assim o entendeu também Washington e o partido trabalhista de Ehud Barak - responsável pela Defesa no Governo israelita.
Ontem, responsáveis trabalhistas ameaçaram deixar a coligação governamental, alegando que o Executivo "não tem revelado sabedoria", e criticaram Netanyahu por ter deixado que o Ministério do Interior fizesse o anúncio sobre a construção em Ramat Shlomo quando Biden estava em Israel. Para os trabalhistas, a questão é essa: ter-se, de alguma forma, embaraçado um aliado incondicional (EUA) e não propriamente a construção em Jerusalém Oriental.
Para os palestinianos, a afronta não foi pequena. É que, na véspera e na sequência de intensa pressão dos EUA, o presidente da Autoridade Palestiniana (AP), Mahmoud Abbas, acei- tara retomar as negociações de paz com Israel. Isto apesar de a colonização judaica não ter sido congelada, como pedira o Presidente americano, Barack Obama. Mas perante o anúncio sobre Ramat Shlomo, Abbas decidiu pelo abandono das negociações.
Ontem, Israel procurava sanar o diferendo com os EUA. De acordo com um comunicado emitido pelo gabinete do primeiro-ministro, Netanyahu telefonou a Joe Biden, a quem "manifestou as suas desculpas pelo momento infeliz" do anúncio sobre Ramat Shlomo. Biden aceitou as desculpas, instou o primeiro-ministro a avançar com as negociações de paz, e, num discurso na Universidade de Telavive, explicou que fora duro com Israel porque "pessoal, só um amigo incondicional pode dizer- -vos as verdades".
Mas a situação não está totalmente sanada. "O comunicado [israelita] é inaceitável porque fala de um erro de calendário e não de um erro de princípio que é a continuação da colonização e que deve parar", disse Saeb Erakat. O principal negociador palestiniano explicava, assim, a razão do não regresso à mesa das negociações. Uma posição apoiada pelo secretário-geral da Liga Árabe, Amr Mussa.
Mas, afinal, Ramat Shlomo é apenas um episódio. Ontem, ainda Biden discursava em Telavive e o responsável de Elkana anunciava que um novo bairro vai ser construído neste colonato da Cisjordânia. Ao mesmo tempo, responsáveis da Administração Civil israelita revelaram que se verifica um aumento significativo da construção ilegal nos colonatos. E, como se não bastasse, uma organização israelita anticolonização denunciou que a Câmara de Jerusalém projecta 50 mil novas casas para judeus na parte oriental da cidade. E quando Obama queria o fim da colonização israelita.
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