Um dos fetos estava envolvido num plástico em que se lia "lixo hospitalar". Realizam-se 13 milhões de abortos por ano neste país
Um número indeterminado de médicos e pessoal de enfermagem do Hospital Universitário de Jining foi ontem suspenso e dois deles detidos, após se confirmar que a maioria dos 21 fetos e cadáveres de bebés descobertos à deriva no rio que atravessa esta cidade chinesa eram provenientes daquela unidade hospitalar.
Os corpos tinham sido detectados durante o fim-de-semana, pensando inicialmente a população ribeirinha que se tratava de bonecos. As autoridades recolheram-nos na segunda-feira.
Alguns dos cadáveres tinham ainda nos pés as pulseiras com os códigos do hospital, os nomes das mães, a sua altura e peso; três das vítimas tinham sido admitidas em estado considerado muito grave. Não era claro se todas seriam provenientes daquele hospital situado na província de Shandong.
Os media chineses escreviam que os restantes mortos seriam resultado de abortos, partos forçados ou vítimas de causas naturais. O seu sexo nunca aparece referido nas notícias. A China mantém em vigor a política de um só filho por família, sendo mais frequentes os abortos de fetos femininos devido à tradicional preferência por descendentes masculinos.
Devido a esta prática generalizada, ainda que ilegal, existe hoje uma importante desproporção entre o número de recém-nascidos masculinos e femininos: 119 para 100.
Em média, realizam-se mais de 13 milhões de abortos por ano na China, a maioria devido à política do filho único.
Alguns dos fetos encontravam--se envolvidos em plásticos onde se podia ler "lixo hospitalar". De acordo com publicações chinesas, não existe legislação precisa sobre o tratamento dos corpos de pessoas falecidas em hospitais, cujos restos mortais não são reclamados por familiares. Por isso, a explicação mais plausível é a de que o pessoal de limpeza tenha, pura e simplesmente, lançado os corpos ao rio Guangfu, que atravessa a cidade.
Esta não é a primeira vez que pessoas mortas em hospitais são largadas no espaço público. Em 2009, os cadáveres de dois adultos e seis fetos falecidos num hospital da província de Hubei, no centro da China, foram abandonados nas fundações de um edifício em construção.
quarta-feira, 31 de março de 2010
CHINA
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