quarta-feira, 3 de março de 2010

Alemanha

Justiça alemã derruba lei sobre armazenamento de dados
Lei em vigor desde 2008 obrigava operadoras de telecomunicação a guardar por seis meses informações sobre telefonemas e correspondência eletrônica. Segundo juízes, norma não garantia uma proteção suficente dos dados.

Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Informação digital era armazenada por seis meses
O Tribunal Constitucional Federal alemão derrubou nesta terça-feira (02/03) a lei que obrigava as operadoras de telefonia e os provedores de internet a armazenar por seis meses dados sobre telefonemas e correspondência eletrônica.
Segundo a legislação em vigor desde o início de 2008, deveriam ser armazenadas informações referentes aos interlocutores de ligações por telefone fixo e celular, e-mail e endereços IP de remetentes e destinatários, bem como dados de acesso à internet.
Segundo a sentença, o armazenamento de uma tal quantidade de dados durante seis meses não é completamente inconstitucional. No entanto, trata-se de uma intromissão especialmente drástica, de alcance até então inédito na legislação alemã.
Os juízes determinaram que os dados só podem ser acessados perante uma suspeita concretamente justificada de contravenção penal. Além disso, as pessoas afetadas têm que ser informadas sobre esse procedimento, nem que seja a posteriori.
A norma vigente há dois anos segue a legislação da União Europeia. Ela foi implementada com a justificativa de que a informação armazenada poderia ajudar a identificar redes criminosas e terroristas.
Direito à privacidade
O tribunal em Karlsruhe não proibiu de maneira geral o armazenamento de informações, evitando assim um confronto direto com a União Europeia. Dados de telecomunicação são "de importância especial para uma investigação judicial eficiente e para a prevenção de riscos", argumentaram os juízes.
Pode haver casos que justifiquem romper o sigilo na telecomunicação. No entanto, isso só é aceitável "se houver regras suficientemente exigentes e claras em relação à segurança e utilização dos dados, à transparência e à proteção jurídica", assinalou o presidente do tribunal Hans-Juergen Papier. Como a medida vigente até então não garantia isso, os juízes ordenaram que se apaguem todos os dados já armazenados.
Para os juízes, o armazenamento de dados não era seguro o suficiente, além de os propósitos para o uso dessas informações também não serem claros o bastante. Além disso, dificilmente se pode garantir uma proteção total do conteúdo das ligações e dos e-mails armazenados.
A lei vigente até então foi contestada por um recurso apresentado por 35 mil requerentes. Depois de ganhar a batalha na Alemanha, eles querem estender o debate para outros países da União Europeia.
Empresas contestam decisão
As operadoras de telecomunicação reclamaram da decisão do tribunal e querem ser indenizadas pelo investimento feito em tecnologia para armazenar as informações dos clientes, como exigia a lei de 2008.
"As operadoras de telecomunicação já investiram milhões de euros em preparativos", disse Juergen Gruetzner, representante de 90 empresas do ramo agrupadas na associação Vatm.
NP/apn/dpa

Revisão: Simone Lopes
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