sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Superbactéria

Antibióticos têm os dias contados
por ANA MAIA Hoje

Microrganismos altamente resistentes vão obrigar laboratórios a criar remédios mais agressivos.
Os antibióticos de hoje têm os dias contados. Especialistas internacionais estão muito preocupados com uma superbactéria resistente a todos os remédios, até aos mais fortes, que já infectou 50 pessoas no Reino Unido. A prevenção, o uso racionalizado dos antibióticos e a realização de estudos para novas soluções têm de ser a aposta forte das autoridades de saúde e farmacêuticas. Mas será sempre uma corrida contra o prejuízo.
"Poderá ser o fim da linha de antibióticos como aqueles que temos usado até agora. Mais cedo ou mais tarde, isto ia acontecer", explicou ao DN António Vaz Carneiro, director do Centro de Estudos de Medicina Baseado na Evidência, da Faculdade de Medici-na da Universidade de Lisboa. "Temos de estudar novas soluções únicas ou combinações que possam ser usadas. Mas será sempre uma corrida contra o tempo e contra o prejuízo. Não podemos pensar que conseguimos irradiar as bactérias da face da terra. Eles vão ser sempre capazes de se diferenciar", acrescentou.
O grande problema será a nível dos hospitais, onde as bactérias são já muito resistentes. "As estirpes dos hospitais são as mais graves e atacam doentes imunodeprimidos, os que estão nos cuidados intensivos, os que fizeram grandes cirurgias abdominais. Serão estes os doentes que podem vir a ter a bactéria. Não estou a ver a curto prazo um problema de saúde pública, mas estou a ver problema nos hospitais", disse.
Até porque as soluções começam a ser poucas. "No último ano, que me lembre, só foi aprovado um antibiótico completamente novo. Não há da parte da indústria um investimento muito grande, porque são estudos caros e é difícil recuperar o investimento", referiu.
Mas sem antibióticos capazes de fazer frente às infecções, até uma simples operação a uma apendicite pode ter um risco enorme. Este é um dos alertas dos especialistas britânicos. "É inteiramente verdade. Teremos de nos concentrar no problema, e aí têm de disparar os ensaios clínicos para desenvolver, implementar e lançar no mercado antibióticos altamente agressivos."
A par desta necessidade, cada vez mais urgente, é preciso "usar racionalmente os antibióticos que temos", para não se criarem mais resistências e fomentar a prevenção. "É preciso isolar rapidamente estas bactérias e fazer estudos sobre as armas que temos. Os programas lançados pela Direcção- -Geral da Saúde para promover a lavagem das mãos e o uso racional de antibióticos são bons", conclui.

FONTE

Nenhum comentário:

Postar um comentário