Se cair Schengen, para quê existe a União Europeia?
por DN.pt Hoje
A União Europeia (UE) atravessa um momento muito difícil e a França deitou mais madeira para a fogueira ao impedir a entrada no seu território de comboios vindos da Itália, com os refugiados da Tunísia como pano de fundo. Uma violação dos acordos de Schengen, sobre a livre circulação de pessoas dentro da UE.
"A UE não atravessa, claramente, o melhor momento da sua história, como prova a sua reacção fútil e apenas retórica perante as revoltas democráticas do mundo árabe. Tudo isso dá lugar a uma política puramente bilateral dos Estados, contrária à construção europeia, como a intervenção militar da França e do Reino Unido no conflito da Líbia. E se agora cai Schengen, teremos de perguntar para quê existe a União dos Vinte e Sete", afirma hoje o El País em editorial.
Em causa está a decisão da França em bloquear ontem a entrada de comboios no seu território, depois de semanas em que Roma, Paris e Berlim protagonizaram um braço-de-ferro nas instituições europeias, com a Itália a exigir colaboração dos outros países na gestão da crise da imigração em massa de 23 mil tunisinos, que aproveitaram o fim da ditadura de Ben Ali para fugirem às condições de miséria naquele país e rumarem para a ilha italiana de Lampedusa.
O jornal salienta a coincidência entre o facto de a Itália ter decidido dar vistos temporários aos imigrantes que não consegue para já repatriar para a Tunísia e a decisão da França em ordenar o encerramento da fronteira em Ventimiglia. "Não é difícil vincular esta medida, que entra em contradição com os acordos de Schengen sobre a livre circulação de pessoas no interior da UE, com a queda de popularidade do presidente Nicolas Sarkozy e a intensa preparação por todas as forças políticas das eleições presidenciais de 2012", escreve o El País, lembrando que o partido de Sarkozy, a UMP, está a optar por uma deriva anti-imigração apenas para "queimar a erva por debaixo dos pés da extrema-direita", a Frente Nacional, que segundo as sondagens poderá lutar pela vitória nas próximas eleições gerais.
O El País também critica o presidente do Conselho Europeu, Herman van Rompuy, por apelar a calma e para que "não se exagere sobre a gravidade da crise": "Mas na realidade engana-se de crise porque, por mais difícil que seja gerir o assunto da imigração perante opiniões - sobretudo no Sul da Europa - crescentemente contrárias a admitir mais visitantes em tempo de dificuldades económicas, o verdadeiramente grave é que a França faça do seu casaco um vestido e viole os acordos que assinou, como o do protocolo de Schengen".
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