Conflito se agrava na Costa do Marfim, há 800 mortos no oeste
Por Tim Cocks e Ange Aboa
Reuters – sáb, 2 de abr de 2011 16:51 BRT
Forças leais a Alassane Ouattara se preparam para avançar sobre a capital da Costa
ABIDJAN (Reuters) - Soldados de líderes rivais na Costa do Marfim disputaram o palácio presidencial, bases militares e TV estatais na principal cidade de Abidjan, no sábado, em um conflito tão brutal que matou 800 pessoas em apenas uma cidade.
Soldados de Alassane Ouattara, que venceu a eleição presidencial de 28 de novembro, certificada pela ONU, encontraram forte resistência dos combatentes leais ao líder do governo Laurent Gbagbo, que se recusa a deixar o cargo.
A TV estatal voltou ao ar após os conflitos que interromperam seu funcionamento por um dia, mostrando imagens de Gbagbo tomando chá, em sua residência na cidade. Não foi possível verificar se as imagens eram gravações recentes.
Um repórter da Reuters ouviu tiros esporádicos e bombardeios perto do palácio presidencial durante toda a manhã, e os confrontos também se espalharam para as proximidades do escritório da emissora estatal RTI, novamente sob o controle de Gbagbo, assim como bases militares da cidade que haviam sido tomadas pelos rebeldes.
Militantes de ambos os lados disseram que suas forças permanecem no controle e não mostravam sinais de desistir.
"Vamos lutar até a morte para defender o nosso território. Morremos ou ganhamos", disse Noel Dago, um soldado da milícia pró-Gbabgo. "Há muitas mortes em ambos os campos, mas o mais determinado é aquele que vai ganhar."
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha disse que ao menos 800 pessoas foram mortas nos conflitos entre as comunidades na cidade de Duékoué, no oeste da Costa do Marfim esta semana.
"Houve muitos assassinatos com o avanço das forças Ouattara na semana passada, e muitas pessoas podem ter fugido", disse o funcionário da organização Caritas Jean Djoman por telefone de Abidjan. "Achamos que o total de mortos e desaparecidos lá é de cerca de 1.000."
Essa estimativa elevaria o número de mortos desde a contestada eleição, na qual Ouattara foi o vencedor reconhecido internacionalmente, para cerca de 1.300.
O total de mortos é provavelmente muito maior já que as forças de ambos os lados tentam encobrir as mortes.
Respondendo a um apelo na TV estatal para "tomar as ruas em massa para defender a república", muitos simpatizantes de Gbagbo, os chamados Jovens Patriotas, podem ser vistos marchando pelas pontes ou viajando em barcos aplaudindo e cantando nas proximidades do palácio da presidência e em outras áreas estratégicas.
Mas o número é bem menor do que os milhares que ele foi capaz de reunir no passado e, embora as forças de Gbagbo venham entregando armas automáticas nos últimos dias, muitos pareciam armados com apenas facões, paus ou ramos de árvore.
SEM PLANOS PARA EXÍLIO
Forças de apoio a Ouattara, reconhecido como presidente pelos países africanos e potências ocidentais, marcharam para Abidjan, na quinta-feira, após um rápido avanço ao sul que encontrou pouca resistência.
Mas eles terão que enfrentar as forças de maior confiança de Gbagbo, cerca de 2.500 soldados de elite da Guarda Republicana, agrupados na cidade costeira junto com os demais soldados do exército regular.
Ao menos 500 veículos das forças Ouattara foram reabastecidos e reagrupados em uma estação de serviço a dois quilômetros ao norte de Abidjan, agora convertido em um de seus principais acampamentos base.
Eles têm mantido o sigilo sobre os combates na cidade. "Tudo está indo bem, tudo está indo bem", disse um deles ao ser questionado se as forças encontraram dificuldades.
A TV estatal publicou nota dizendo que Gbagbo rejeita quaisquer ofertas exílio e apresentou um oficial do Exército, cercado por suas tropas, convidando todos os membros das forças de Gbagbo a se mobilizarem para combater a ofensiva dos soldados de Ouattara.
Gbagbo foi atingido por uma série de deserções de alto nível no serviço militar desde que as forças pró-Ouattara entraram em Abidjan.
O porta-voz de Ouattara, Patrick Achi, disse que Gbagbo iria cair em breve. "Para onde ele vai? Ele não controla o Exército. Eles estão ficando sem munição. Todos os seus generais se renderam."
A União Africana, a França, os EUA e a ONU pediram a Gbagbo para renunciar. A luta pelo poder empurrou os preços do cacau para níveis recordes, seguido de queda com a retomada das expectativas de exportações.
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