Curas divulgadas pela internet: verdade ou mentira?
Por Natasha Romanzoti em 28.04.2011
Na era da tecnologia, remédios caseiros ainda tem muito espaço. Hoje em dia, eles são apregoados em sites, blogs e fóruns online. Uma pesquisa descobriu que 61% dos adultos norte-americanos recorrem à internet para procurar ajuda para seus problemas de saúde.
Mas será que certas receitas (muitas vezes esquisitas) são mesmo eficazes? Pior: elas podem fazer mais mal do que bem? Confira essa lista, na qual médicos comentam o poder de “cura” das receitas mais populares da internet:
O boato: Iogurte pode parar uma infecção por fungos.
É verdade? Não.
As infecções por fungos e seus sintomas, como coceira vaginal intensa, são causados por um crescimento excessivo do fungo Candida. Como alguns estudos mostram que o iogurte pode promover o crescimento saudável das cepas de bactérias no estômago e intestino, as pessoas assumiram que também podia cuidar do Candida. E esse boato continua circulando, graças à internet. Nem tomá-lo, muito menos mergulhar um absorvente interno no iogurte e inseri-lo “lá” (receita sugerida em alguns sites) vai melhorar qualquer coisa. Na verdade, a segunda opção pode até causar infecções fúngicas, já que os açúcares do iogurte podem ajudar o fungo crescer. Se você tem certeza de que tem uma infecção por fungos, os médicos recomendam o uso de uma medicação como Monistat. Mas eles alertam: nem tudo que coça é fungo! Consulte um ginecologista se estiver em dúvida. A coceira pode ser vaginose bacteriana, por exemplo, que requer tratamento com antibióticos.
O boato: Erva-de-São-Cristóvão pode amenizar “calorões”.
É verdade? Sim.
Vulgarmente conhecida como erva-de-São-Cristóvão (Cimicifuga racemosa), esta erva é derivada de uma planta chamada Actaea racemosa. Alguns estudos sugerem que ela pode reduzir ondas de calor. De fato, a erva parece ter um efeito anti-inflamatório. É muitas vezes prescrita na Europa, e é um ingrediente-chave em um medicamento comum, o Remifemin, também disponível nos Estados Unidos. Embora nem todos os países tenham comprovado os benefícios da erva, os médicos dizem que não há mal em consumi-la; basta consultar seu médico sobre a primeira dose, e mantê-la durante 12 semanas.
O boato: Pílulas de cálcio acalmam cólicas de TPM.
É verdade? Sim.
Embora não haja provas científicas de que quem sofre de TPM tenha níveis mais baixos de cálcio no sangue, não é exagero pensar que o cálcio amenizaria as cólicas, dores de cabeça e inchaço que surgem nessa época do mês. De fato, pesquisas mostram que tomar 600 miligramas de cálcio duas vezes por dia pode reduzir os sintomas da TPM. E receber tais nutrientes na alimentação (como leite) pode manter as mulheres longe da TPM de vez. Um estudo recente afirmou que as mulheres que consumiram quatro porções diárias de leite desnatado ou com baixo teor de gordura reduziram seu risco de desenvolver TPM em 46%. Porém, algumas mulheres têm cólicas tão graves que somente medicamentos podem conter. Se o cálcio não adiantar, consulte um médico.
O boato: Óleo da árvore-do-chá pode acabar com espinhas.
É verdade? Talvez.
Um estudo dermatológico descobriu que a aplicação desse extrato em espinhas reduz a inflamação. O óleo da árvore-do-chá é antifúngico e antibacteriano, tão eficaz que muitos dos pacientes o preferem a outros medicamentos. Mas nem todos os especialistas gostam da ideia. Segundo alguns médicos, o óleo pode causar irritações cutâneas e até mesmo a formação de bolhas. Se não quiser usar o óleo, uma opção é lavar o rosto com cremes especiais para pele oleosa que contém ácido salicílico ou glicólico.
O boato: Vapor limpa congestões nasais e dores de cabeça de sinusite.
É verdade? Sim.
Este velho tratamento (elogiado em mais de 400.000 resultados do Google!) realmente funciona. Segundo médicos, a inalação do vapor limpa as passagens nasais, aliviando a pressão no nariz. Adicione algumas gotas de óleo de menta ou eucalipto para torná-lo mais potente. O cheiro mentolado provoca uma sensação de formigamento na membrana nasal, e isso tem um efeito descongestionante. Vick VapoRub também é recomendado. Outra alternativa natural é usar um pote neti (recipiente com cano para se ajustar a cavidade nasal) para irrigar as narinas com soro fisiológico, que também pode aliviar os sintomas de sinusite.
O boato: Sacos de chá preto fazem herpes desaparecem.
É verdade? Não.
A herpes normalmente desaparece sozinha depois de algumas semanas, mas quem quer esperar? As receitas on-line para essas malditas bolhas vão do absurdo (como cera de ouvido) até o menos bobo, como a colocação de um saco de chá preto úmido sobre a ferida. Folhas de chá preto têm taninos, compostos que podem inibir o crescimento de vírus e bactérias, mas nenhum estudo verificou se isso realmente dá certo. Os sacos de chá também podem ter um efeito anti-inflamatório. Mas a sua melhor aposta para reduzir o tempo de cura da herpes são cremes como Abreva ou medicamentos como Valtrex. Para evitar que elas apareçam, fique longe do sol e use um bom protetor solar em torno dos lábios.
O boato: Beber suco de oxicoco (cranberry) impede infecções urinárias.
É verdade? Sim.
Por incrível que pareça, nem tudo que está na internet é besteira. Grandes instituições médicas concordam que beber suco de oxicoco (ou uva-do-monte) pode ser eficaz no tratamento de infecções do trato urinário (ITUs). As bagas da fruta contêm proantocianidinas, que impedem que a bactéria E. coli se associe à parede da bexiga, causando uma infecção. Se você é propenso a infecções do trato urinário, beba de 1 a 2 copos de suco de oxicoco por dia para ajudar a preveni-las. Também funciona quando você já está com sintomas (como uma necessidade constante de fazer xixi ou uma sensação de queimação quando urina), pois acelera a recuperação. Atenha-se a um suco que seja pelo menos 20% feito de puro oxicoco, ou experimente suplementos, até seis comprimidos de 400 miligramas duas vezes por dia uma hora antes ou duas horas após uma refeição. Se os sintomas não melhorarem dentro de 24 a 48 horas, consulte um médico, especialmente se você tiver febre ou calafrios, o que pode indicar algo mais sério. Outra boa notícia: há também evidências de que fazer xixi logo após o sexo pode ajudar a prevenir infecções do trato urinário por “descartar” bactérias
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