quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Estudo explica impacto de álcool e drogas na gravidez
por Lusa

Uma equipa de investigação da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) descobriu um dos mecanismos que explica o impacto negativo que o consumo de álcool, tabaco e outras drogas de abuso consumidos durante a gravidez têm sobre o feto.
A investigação - conduzida por Fátima Martel e Elisa Keating, investigadoras do Laboratório de Bioquímica da FMUP, com a colaboração do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital de S. João, e que será publicada na revista Reproductive Toxicology - sugere que "o uso dessas substâncias por parte da mãe reduz o transporte de ácido fólico para o feto, através da placenta".
O ácido fólico é uma vitamina fundamental para o desenvolvimento e crescimento fetal. A maioria dos clínicos aconselha o uso de suplementos desta vitamina no período periconcepcional (ou seja, antes da concepção e durante as primeiras semanas de gravidez).
A carência desta vitamina está associada a um aumento do risco de desenvolvimento de defeitos do tubo neural, tais como anencefalia e espinha bífida.
As investigadoras utilizaram vários modelos celulares de placenta humana para avaliar o impacto do tabaco, álcool, anfetaminas (entra as quais o ecstasy) e tetrahidrocanabinol (principal princípio activo do haxixe) no transporte celular de ácido fólico na placenta.
Os resultados do estudo, a que a Lusa teve hoje acesso, evidenciaram que, quando testados cronicamente, "o álcool e a nicotina reduzem o transporte desta vitamina em cerca de 25 por cento, o ecstasy é responsável por uma redução de 30 por cento e o tetrahidrocanabinol e a anfetamina por uma redução de 40 por cento".
"Os resultados sugerem também que parte destes efeitos resulta da inibição da expressão do gene de uma proteína transportadora do ácido fólico", explicam as investigadoras.
As trocas entre mãe e feto - transporte de nutrientes e oxigénio da mãe para o feto e passagem de desperdício metabólico do feto para a mãe - dão-se através da placenta.
Fátima Martel e Elisa Keating salientam que este órgão tem de ser permeável para permitir as trocas entre mãe e filho, mas essa permeabilidade "torna o feto susceptível a outras substâncias consumidas pela mãe durante a gestação".
Para além de terem estudado a influência de drogas de abuso sobre o transporte do ácido fólico em células de placenta, as cientistas avaliaram ainda o impacto de certos fármacos utilizados durante a gestação no tratamento de doenças da mãe, de que são exemplos alguns anti-hipertensores. Os resultados evidenciaram que muitas dessas substâncias não têm efeitos negativos sobre o transporte do ácido fólico na placenta.

FONTE:
DN CIÊNCIA

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