Escrito por Diário de Coimbra
Domingo, 10 de Outubro 2010
ALERTA MÉDICO DOS HUC
Superbactéria resiste a quase todos os antibióticos
Especialista dos HUC diz que doença infecciosa acabará por chegar a Portugal
O director do Serviço de Doenças Infecciosas dos Hospitais da Universidade de Coimbra, Saraiva da Cunha, alertou ontem que «mais cedo ou mais tarde» surgirá em Portugal a superbactéria NDM-1, resistente a quase todos os antibióticos.
Saraiva da Cunha falava à margem dos X Congresso Nacional de Doenças Infecciosas e Microbiologia Clínica e VIII Congresso Nacional sobre Sida, a decorrerem em conjunto até amanhã em Coimbra, tendo ontem moderado uma mesa redonda sobre os “novos antimicrobianos”.
«Até ao momento, em Portugal, não há nenhum caso, mas não me admira que mais cedo ou mais tarde seja diagnosticado», sustentou o especialista, que preside à comissão organizadora dos congressos, sublinhando o facto de a Direcção Geral da Saúde ter emitido (em Agosto) uma norma aos laboratórios para que pesquisem a presença desta enzima (NDM-1).
Classificada por alguns cientistas como “bomba relógio”, a bactéria multi-resistente é originária de países do sul da Ásia e já chegou à Europa, através de pacientes, nomeadamente ao Reino Unido e a França.
A NDM-1 é o nome da enzima produzida pela bactéria e que a torna resistente aos antibióticos mais potentes.
Além do problema da resistência aos antibióticos, a gripe e a doença de Lyme (que começa por revelar lesões na pele e provoca lesões do foro articular e neurológico) são outras das duas doenças infecciosas emergentes destacadas no programa dos dois congressos, sendo a primeira actualmente de notificação obrigatória em Portugal.
«A ideia que eu tenho é que não haverá muitos casos da doença de Lyme em Portugal, mas existirão muitos mais do que os notificados», disse Saraiva da Cunha à Lusa.
Confrontado com o eventual impacto que a actual crise económica e medidas de contenção poderão ter nas doenças infecciosas, o presidente da Sociedade Portuguesa de Doenças Infecciosas e Microbiologia Clínica, Kamal Mansinho, defendeu que os riscos não se colocarão ao nível do tratamento adequado mas no facto de determinadas populações poderem ficar «mais vulneráveis, expostas a maiores riscos» de contraírem as doenças.
FONTE
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