Cimeira
UE duvida que haja acordo sobre o clima em Cancún
por RITA CARVALHO, em Bruxelas Hoje
Cidade mexicana recebe, em Dezembro, reunião sobre alterações climáticas.
A Comissão Europeia afasta a possibilidade de o próximo encontro sobre o clima resultar num acordo internacional com metas concretas de redução de gases com efeitos de estufa. Depois do fracasso de Copenhaga, em que o mundo falhou este objectivo, a União Europeia considera que as negociações em curso para a Cimeira de Cancún, em Dezembro, não devem insistir na criação de um tratado legalmente vinculativo, mas concentrar-se nas áreas decisivas onde é possível encontrar consensos. Como o combate à desflorestação ou o incentivo à criação de tecnologias mais limpas.
"É crucial que Cancún produza resultados. Mas não vamos ter um acordo internacional com metas vinculativas", afirmou na terça-feira a comissária para a Acção Climática, num encontro em Bruxelas com os jornalistas de todo o mundo, onde expôs as expectativas europeias para a cimeira da ONU, no México. Contudo, Connie Hedeg-gard sublinhou que o "problema" para a obtenção deste acordo não está na União Europeia e que o bloqueio só pode ser resolvido com "vontade política". Não descartou a hipótese de esse consenso ser alcançado na cimeira do clima seguinte, na África do Sul, em 2012.
Durante as próximas semanas que antecedem o encontro, a União Europeia continuará a defender avanços equilibrados e graduais nas negociações. Primeiro, é preciso não voltar atrás no que foi alcançado em Copenhaga, sublinhou a comissária, lembrando que o objectivo mundial continua a ser a fixação do aumento da temperatura global do planeta nos dois graus centígrados, limite para além do qual os cientistas prevêem impactos desastrosos. E encontrar formas de aferir e monitorizar as emissões poluentes de cada país. Um tema bastante polémico em Copenhaga.
Depois, prosseguiu a representante europeia, há que melhorar a ajuda financeira aos países mais pobres e que lidam já com os fortes impactos das alterações climáticas. Apesar de alguns dos destinatários deste financiamento, que será, da parte da União Europeia, de 2,4 mil milhões de euros por ano entre 2010-2012, já terem reclamado que o dinheiro tarda em chegar, Connie Hedeggard garantiu que a verba europeia chegará ainda este ano. E considerou que no México deve ser encontrado um modelo de financiamento transparente e eficaz que concretize melhor o que foi acordado na Conferência das Partes em Dezembro do ano passado.
A comissária europeia para a Acção Climática sublinhou ainda a necessidade de encontrar em Cancún uma solução para travar a desflorestação e a degradação das florestas, que são importantes sumidores de CO2 e fundamentais para evitar a libertação de mais gases com efeito de estufa na atmosfera. Connie Hedeggar considera que neste sector as negociações estão a avançar bem e que os países estão prontos para assinar um acordo em Cancún que trabalhe nesta área.
Outra área onde a UE acredita que será possível encontrar entendimentos comuns é a da transferência de tecnologias limpas e sustentáveis entre os vários países.
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