sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Indonésia

Vulcão
'Montanha de fogo' ameaça Indonésia
por CATARINA REIS DA FONSECA   Hoje
Nova erupção do Merapi registada ontem. Arquipélago foi afectado por duas catástrofes naturais esta semana.
Após quatro anos adormecida, a "montanha de fogo" acordou na terça-feira para atormentar os habitantes da ilha indonésia de Java. A erupção do vulcão Merapi, que ontem voltou a assustar as populações, aconteceu pouco depois de um tsunami ter devastado dez aldeias nas ilhas de Mentawai e Pagai.
As nuvens de fumo tóxico e cinza expelidas causaram 32 vítimas mortais e obrigaram 50 mil pessoas a procurar refúgio em centros camarários. Entretanto, a actividade vulcânica diminuiu para um nível moderado, mas a ameaça continua a pairar sobre as povoações situadas junto ao monte Merapi.
Durante o dia de ontem verificou-se a uma nova erupção, uma situação que está a preocupar as autoridades indonésias.
"Registámos hoje [ontem] actividade sísmica moderada. A ameaça permanece", afirmou Surono, chefe do centro de alerta para vulcões na Indonésia.
A cratera, que culmina a uma altitude de 2914 metros, está situada numa região densamente povoada da ilha de Java e, de acordo com Surono, tem expelido nuvens de gás, lava e cinza.
Situado 26 km a norte da cidade de Yogyakarta, o Merapi é um dos 129 vulcões indonésios activos com maior actividade, entrando em erupção, em média, de quatro em quatro anos. Uma das erupções mais mortíferas da sua história data de 1930, quando 1400 pessoas perderam a vida. Mais recentemente, em 1994, a chamada "montanha de fogo" causou a morte de 60 pessoas.
A Comissão Europeia mostrou-se ontem disposta a ajudar, anunciando que vai desbloquear 1,5 milhões de euros para assistir os sobreviventes das duas catástrofes naturais que atingiram a Indonésia esta semana.
Os fundos enviados por Bruxelas deverão permitir socorrer 87 mil pessoas, 65 mil das quais afectadas pelas violentas ondas de três metros que fizeram 370 mortos em Mentawai e Pagai, ao largo da ilha de Samatra.
De acordo com o último balanço das autoridades, outras 338 pessoas continuam desaparecidas após o tsunami, desencadeado por um sismo de 7,7 na escala de Richter.
"O mais provável é que um terço dos desaparecidos tenham sido arrastados pelo mar ou ficado soterrados", declarou um responsável dos serviços de socorro, Ade Edward.
As buscas têm sido dificultadas pelo isolamento das aldeias de pescadores situadas ao longo da ilha de Mentawai.
O Presidente indonésio, Susilo Bambang Yudhoyono, esteve ontem na zona afectada para apoiar os familiares das vítimas e supervisionar a entrega de alimentos, água e medicamentos às populações.
Em 2004, para prevenir a repetição da tragédia que nesse ano vitimou 250 mil pessoas, a comunidade internacional financiou um sistema de alerta contra tsunamis no Índico de cerca de 93 milhões de euros, capaz de concluir em cinco minutos se um sismo pode ou não provocar um maremoto.
Contudo, na segunda-feira, o sistema não funcionou nas ilhas de Pagai. De acordo com declarações de um responsável da Agência para a Avaliação e Aplicação de Tecnologia da Indonésia à BBC, "as bóias do sistema de alerta foram vandalizadas". As autoridades indonésias reconheceram ainda que em muitas localidades não existem sirenes de alerta.
O dispositivo de segurança contra tsunamis deveria incluir sirenes a cada quatro quilómetros ao longo da costa. Um sistema de alerta por SMS é também aconselhado pelos especialistas. No entanto, faltam infra-estruturas e os planos continuam por cumprir.

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