quarta-feira, 28 de julho de 2010

MÍDIAS COMO VIGIAS

Novas mídias como vigias do meio-ambiente
Data de publicação : 28 Julho 2010 - 12:35pm
Por Willemien Groot (Imagem: Tom Buurman/RNW)
Todos os dados disponíveis sobre meio ambiente e clima serão reunidos em um único espaço graças aos sites Eye on Earth, Geoss e Google. Não apenas dados de cientistas, mas também do público em geral, compilando o estado do planeta em um piscar de olhos.
Já em 1998 o ex-vice-presidente dos EUA, Al Gore, sonhava com um tipo de ‘Planeta Digital’. A Nasa desenvolveu uma primeira versão. Com a chegada de sites como Facebook, Twitter e Flickr, as possibilidades de esboçar uma imagem mais precisa do mundo se tornaram ainda maiores. Todos parecem estar descobrindo as qualidades das mídias sociais como complemento científico.
Desastre ecológico
No auge do desastre do derramamento de petróleo no Golfo do México um aplicativo simples do Google Maps causou enorme impacto, enquanto a ideia por trás não era nada complexa. “Neste caso, foi um engenheiro que trabalha pra nós, mas qualquer um poderia ter pensado nisso”, diz Ed Parsons, do Google britânico, com uma dose de modéstia. “Ele utilizou dados que o governo norte-americano publicava diariamente sobre a extensão da mancha de óleo e sobre a quantidade de petróleo que vazava do poço danificado. Com base nisso, ele fez um mapa que você pode pôr sobre qualquer lugar do planeta. Digite o nome da sua cidade e a escala do desastre está literalmente à sua porta.”
Um mapa assim causa mais impacto do que informações brutas soltas, embora elas também estejam disponíveis, diz Parsons. Isso torna o processo transparente e mais atraente para pessoas que querem se aprofundar no assunto.
Mensagem
Governos também veem possibilidades de passar uma mensagem com mais ênfase. O governo britânico, por exemplo, lançou uma campanha para apoiar sua política em relação às mudanças climáticas: um aplicativo no Google Earth mostra o que aconteceria se a temperatura média no mundo subisse 4 graus Celsius. Confrontador e eficaz.
Da mesma maneira, os efeitos da seca e de enchentes podem ser facilmente mostrados. As mídias sociais estão cheias de informações sobre clima e meio ambiente, divulgadas e usadas por milhões de pessoas. Por que não compilar todos estes pequenos dados?
Interação
Dois sites europeus estão trabalhando duro para isso. Um deles o Geoss – Global Earth Observation of Systems -, uma iniciativa do Grupo de Observação da Terra, em parceria com 81 países e cerca de 50 organizações internacionais. O projeto é apoiado pelo Joint Research Center (JRC) da Comissão Europeia.
”Queremos envolver os cidadãos. Eles conhecem e compreendem melhor o que acontece ao seu redor do que qualquer observação esporádica de um satélite”, diz Max Craglia, da JRC. “Combinando este conhecimento com informação científica, isto nos ajudará a compreender melhor as mudanças. E a possibilidade de que bilhões de pessoas funcionem como ‘sensores’ do meio ambiente é de enorme importância.”
Enquanto o Geoss procura ter um papel global, o site Eye on Earth é mais europeu. Este website da Agência Ambiental Europeia deverá ser um ponto de concentração e distribuição de informações no qual o público tem papel central. O site disponibiliza dados sobre qualidade da água e do ar, e mais tarde virão dados sobre biodiversidade e poluição sonora.
Principalmente o Bend the Trend (algo como ‘mude a tendência’) é um experimento interessante. A seção está se tornando um ponto de convergência para dicas sobre meio ambiente e mudança climática, e uma plataforma de discussões para as consequências das mudanças climáticas para a vida cotidiana.
Credibilidade
”Mas o sucesso dependerá inteiramente da credibilidade. Sabemos muito bem disso”, diz Jeff Huntington, da Agência Ambiental Europeia. “Mas eu espero que, uma vez que tenhamos nos acostumado à ideia de trabalhar junto com o público, haja uma habilidade de auto-filtragem. O resultado final deverá ser, de qualquer forma, melhor do que o que temos agora.”
Dados vindos de cidadãos comuns ou cientistas amadores não são, necessariamente, piores do que dados científicos. E uma única fonte, mesmo que seja um cientista, nunca é suficiente.
Segundo Ed Parsons, do Google britânico, todo mundo, com um pouco de conhecimento técnico, é capaz de criar seu próprio Planeta Digital. O Googe Earth não é mais que uma plataforma que liga lugares a conhecimento. Seja mostrando o mundo digital de uma série de televisão ou locais onde as florestas estão sendo ilegalmente desmatadas. Tudo depende de como é usado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário