quinta-feira, 1 de julho de 2010

Geociências

Gravidade da Terra em mapa-mundo colorido
por FILOMENA NAVES

Satélite 'GOCE', da agência espacial europeia, recolheu dados que permitem traçar o retrato mais rigoroso de sempre do campo gravítico terrestre. E que ainda vai melhorar.
O campo gravítico, ou a força da gravidade, não tem um valor exactamente idêntico em cada um dos pontos da superfície terrestre. Há diferenças minúsculas, que têm que ver com factores relacionados com o próprio planeta: a sua rotação, o efeito das montanhas ou variações na sua densidade interna. E isso foi agora transformado em mapa.
O mapa-mundo da gravidade da Terra, o mais rigoroso e detalhado de sempre, foi agora apresentado pela agência espacial europeia (ESA). As diferenças são apresentadas de forma colorida e as suas aplicações científicas são múltiplas para as geociências e em disciplinas que vão da geofísica à oceanografia.
As medições para a elaboração deste atlas da gravidade foram feitas pelo satélite GOCE, que a ESA enviou para espaço em Março de 2009, justamente para fazer esse registo com um nível de rigor nunca antes conseguido.
Este primeiro mapa resultou de dois meses consecutivos de recolha de dados, em Novembro e Dezembro do ano passado, pelo GOCE.
Além do mapa-mundo, que será enriquecido e detalhado à medida que os dados recolhidos pelo satélite forem sendo absorvidos e trabalhados, a informação até agora recolhida também permitiu construir um novo e mais apurado modelo do geóide da Terra.
Trata-se de um modelo físico em 3D do seu campo de gravidade, que corresponde à forma de um oceano imaginário global em que não houvesse correntes nem marés. Este geóide é a referência essencial para uma série de estudos geofísicos, mas também oceanográficos, para avaliar com mais rigor a circulação oceânica ou o nível dos oceanos.
Se se imaginar a Terra como uma bola de futebol, e se se considerarem as diferenças da gravidade em cada um dos pontos da sua superfície reflectidas na sua forma, então esta bola não serviria mesmo para jogar futebol. O motivo é simples: a sua forma não seria regular, mas marcada por depressões e protuberâncias, que reflectiriam exactamente as tais diferenças na gravidade - diferenças expressas em depressões que podem chegar a ter cem metros, ou em protuberâncias que podem atingir os 90 metros.
Em relação aos modelos de geóide anteriores, o do GOCE apresenta a maior definição de sempre, afirmam os responsáveis da ESA.
"Já conseguimos identificar alguns melhoramentos significativos neste geóide de alta resolução e o modelo de gravidade ainda vai ser apurado à medida que novos dados ficarem disponíveis", explicou o director da missão GOCE Rune Floberghagen. O mesmo responsável sublinhou que "já se consegue perceber que há nova informação importante em vastas regiões da América do Sul, de África, nos Himalaias, na Antárctida ou no sudeste da Ásia".
Nos continentes, e "sobretudo em regiões que estavam pouco estudadas do ponto de vista dos mapeamentos aéreos, apercebemo-nos de que as medições do GOCE estão a mudar o nosso conhecimento do campo gravítico nessas áreas", adiantou Rune Floberghagen.
A cada dois novos meses de mapeamento por parte do satélite, o modelo tornar-se-á progressivamente mais rigoroso e detalhado de acordo com a ESA.

Um comentário:

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