Reconstrução lenta desespera milhões de haitianos
por CATARINA REIS DA FONSECA - Hoje
Só 2% dos escombros foram retirados, seis meses após o terramoto de 12 de Janeiro. ONG evitaram propagação de epidemias
"Não temos muitas perspectivas. Não temos meios para reconstruir. Será que o dinheiro prometido pela comunidade internacional alguma vez vai chegar?" Franck Paul, ex-presidente da câmara de Port-au-Prince, deixa a questão a pairar seis meses depois do abalo de consequências trágicas que afectou o Haiti - o país mais pobre do hemisfério ocidental.
Franck dá voz à preocupação de milhões de haitianos que começam a desesperar com a lentidão que se verifica na reconstrução da capital do Haiti, que no dia 12 de Janeiro ficou devastada, após a ocorrência de um sismo de sete graus na escala de Richter.
Até agora, apenas 2% dos 5,3 mil milhões de dólares (4,2 mil milhões de euros) de ajuda internacional prometidos para a reconstrução foram materializados. Uma pequena percentagem que é também igual à quantidade de escombros já removidos. Apesar de existirem 300 camiões de limpeza a trabalhar diariamente, acumulam-se ainda 20 milhões de centímetros cúbicos de entulho pelas ruas. Um cenário dantesco que impede milhares de haitianos de sonhar com um regresso à normalidade.
De acordo com números recentes anunciados pela UNICEF, existem 1,6 milhões de pessoas desalojadas que vivem em 1190 acampamentos improvisados.
Como explicação para esta situação, o coordenador do grupo Albergues das Nações Unidas, Peter Rees, refere que o "principal problema não é o dinheiro nem meios materiais, mas sim retirar os escombros e encontrar terrenos".
Entretanto, a ONU, em cooperação com o Governo haitiano, desenvolveu um plano de limpeza que terá um custo de 120 milhões de dólares (94,5 milhões de euros), mas a relação das pessoas com as suas antigas habitações tem dificultado o processo.
"As pessoas estão ligadas sentimentalmente às suas antigas casas e aos seus escombros", adiantou Timo Luége, outro responsável da ONU.
O sismo, que causou a morte de 222 mil pessoas, conduziu à destruição de 60% dos edifícios da capital. Mas, apesar de a recuperação estar a ser mais lenta do que o esperado, muitos dos objectivos estabelecidos após o abalo foram alcançados.
Conseguiu-se, por exemplo, evitar a propagação de epidemias, como é o caso da febre tifóide, transmitida principalmente através de água contaminada. Esta vitória deve-se em grande parte aos esforço das organizações de ajuda humanitária que, diariamente, providenciam seis mil metros cúbicos de água potável a todos os campos de desalojados.
Foram ainda construídos abrigos para 3200 famílias, mais resistentes e com melhores condições do que as tendas existentes nos acampamentos.
Enquanto isso, engenheiros haitianos e estrangeiros já supervisionaram cerca de 170 mil edifícios, para verificar se existem condições de segurança que permitam o regresso dos inquilinos.
por CATARINA REIS DA FONSECA - Hoje
Só 2% dos escombros foram retirados, seis meses após o terramoto de 12 de Janeiro. ONG evitaram propagação de epidemias
"Não temos muitas perspectivas. Não temos meios para reconstruir. Será que o dinheiro prometido pela comunidade internacional alguma vez vai chegar?" Franck Paul, ex-presidente da câmara de Port-au-Prince, deixa a questão a pairar seis meses depois do abalo de consequências trágicas que afectou o Haiti - o país mais pobre do hemisfério ocidental.
Franck dá voz à preocupação de milhões de haitianos que começam a desesperar com a lentidão que se verifica na reconstrução da capital do Haiti, que no dia 12 de Janeiro ficou devastada, após a ocorrência de um sismo de sete graus na escala de Richter.
Até agora, apenas 2% dos 5,3 mil milhões de dólares (4,2 mil milhões de euros) de ajuda internacional prometidos para a reconstrução foram materializados. Uma pequena percentagem que é também igual à quantidade de escombros já removidos. Apesar de existirem 300 camiões de limpeza a trabalhar diariamente, acumulam-se ainda 20 milhões de centímetros cúbicos de entulho pelas ruas. Um cenário dantesco que impede milhares de haitianos de sonhar com um regresso à normalidade.
De acordo com números recentes anunciados pela UNICEF, existem 1,6 milhões de pessoas desalojadas que vivem em 1190 acampamentos improvisados.
Como explicação para esta situação, o coordenador do grupo Albergues das Nações Unidas, Peter Rees, refere que o "principal problema não é o dinheiro nem meios materiais, mas sim retirar os escombros e encontrar terrenos".
Entretanto, a ONU, em cooperação com o Governo haitiano, desenvolveu um plano de limpeza que terá um custo de 120 milhões de dólares (94,5 milhões de euros), mas a relação das pessoas com as suas antigas habitações tem dificultado o processo.
"As pessoas estão ligadas sentimentalmente às suas antigas casas e aos seus escombros", adiantou Timo Luége, outro responsável da ONU.
O sismo, que causou a morte de 222 mil pessoas, conduziu à destruição de 60% dos edifícios da capital. Mas, apesar de a recuperação estar a ser mais lenta do que o esperado, muitos dos objectivos estabelecidos após o abalo foram alcançados.
Conseguiu-se, por exemplo, evitar a propagação de epidemias, como é o caso da febre tifóide, transmitida principalmente através de água contaminada. Esta vitória deve-se em grande parte aos esforço das organizações de ajuda humanitária que, diariamente, providenciam seis mil metros cúbicos de água potável a todos os campos de desalojados.
Foram ainda construídos abrigos para 3200 famílias, mais resistentes e com melhores condições do que as tendas existentes nos acampamentos.
Enquanto isso, engenheiros haitianos e estrangeiros já supervisionaram cerca de 170 mil edifícios, para verificar se existem condições de segurança que permitam o regresso dos inquilinos.
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