Pólos norte e sul, do tamanho de átomos, circulam em direcções opostas num cristal especial sob a acção de um campo magnético
Uma equipa de cientistas britânicos observou pela primeira vez cargas magnéticas isoladas a comportarem-se como cargas eléctricas. Baptizaram o fenómeno de “magnetricidade”.
Normalmente, um íman possui dois pólos, norte e sul, que são indissociáveis um do outro. Mas desde os anos 1930 que os especialistas previram a existência de monopólos magnéticos. Até aqui, porém, não foi possível pô-los em evidência sob a forma de partículas elementares em livre circulação. Mas agora, Steve Bramwell e colegas, do University College de Londres (UCL), que publicam hoje os seus resultados na revista “Nature”, fizeram algo parecido: detectaram perturbações magnéticas dentro de um material que se comportam como se fossem autênticas partículas. "Estes monópolos existem mesmo, embora isso aconteça apenas no interior da amostra [de material utilizado] e não no exterior", diz Brammel, citado por um comunicado do UCL.
A experiência realizada por estes investigadores “prova a existência de ‘cargas magnéticas’, do tamanho de um átomo, que se comportam e interagem como as familiares cargas eléctricas”, explica ainda o documento. “E também mostra que existe uma simetria perfeita entre electricidade e magnetismo.”
Os investigadores detectaram as cargas magnéticas num material cristalino chamado “spin ice” (gelo de spin), mediram as correntes produzidas por essas cargas e determinaram a unidade elementar da carga magnética no material. Os monopólos manifestam-se quando um campo magnético é aplicado ao “spin ice” a muito baixa temperatura.
“Não é todos os dias que na área da Física temos a oportunidade de nos perguntarmos como medir uma coisa para a seguir demonstrarmos inequivocamente uma teoria,” salienta ainda Brammel. “Este é um passo extremamente importante na demonstração de que as cargas magnéticas podem circular como as cargas eléctricas. Ainda estamos nos primeiros estádios, mas quem sabe quais poderão vir a ser as aplicações da magnetricidade dentro de 100 anos.”
FONTE:
PÚBLICO
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