Veredito sobre Bhopal: "muito pouco, muito tarde"
Data de publicação : 8 Junho 2010 - 1:32pm
Por Johan van Slooten (Foto: ANP)
Mais de 25 anos depois das milhares de mortes do desastre da filial da empresa Union Carbide, em Bhopal, na Índia, oito executivos foram julgados culpados por negligência. Eles foram sentenciados a dois anos de prisão em 7 de junho.
O desastre, após o vazamento de um gás tóxico, aconteceu em dezembro de 1984. Algumas estimativas sugerem que mais de 25 mil pessoas morreram. Um quarto de século depois, a população vizinha da fábrica continua sofrendo por ainda viver na área que continua contaminada.
O governo indiano e a empresa química estadunidense Union Carbide, então proprietária da fábrica, estiveram envolvidos em diversas batalhas jurídicas. Em 25 anos, essa semana foi a primeira vez que alguém envolvido no caso foi condenado.
Os executivos da Union Carbide foram acusados de morte por negligência e devem cumprir pena máxima de dois anos de prisão.
Muito pouco, muito tarde“É muito pouco, muito tarde”, diz Peter Finnigan, diretor do Apelo Médico Bhopal, organização que administra duas clínicas de saúde onde as vítimas do vazamento de gás são tratadas. “Eu gostaria que o foco da atenção tivesse sido realmente a Union Carbide USA, que ficou foragida da justiça na Índia desde 1992.”
De acordo com Finnigan, os condenados são apenas parcialmente culpados pelo que aconteceu – “Eles não são os estrategistas, que tomaram as decisões operacionais. Tais decisões foram tomadas nos Estados Unidos (nos escritórios da Union Carbide), mas a Union Carbide sempre se recusou a aparecer nas cortes indianas”.
Finnigan não vê a condenação sequer como uma pequena vitória para as vítimas: “Esse julgamento não vai ter nenhum impacto para as vítimas. O que essas pessoas precisam é da descontaminação do terreno. Essa é a única coisa que pode pôr um fim a essa tragédia. Na verdade, essa decisão não afeta a saúde das pessoas de Bhopal, que continuam desesperadamente precisando de ajuda.”
Finnigan argumenta que as condições de saúde daqueles que vivem na área contaminada está pior do que nunca. “Cerca de cem mil pessoas sofrem de doenças crônicas. Eles sofrem com o resultado direto da inalação do gás. Há também um crescimento no problema da contaminação da água”.
Pode soar estranho saber que as pessoas continuam vivendo nas proximidades da área em que ocorreu o desastre, mas Finnigan diz que a maioria das vítimas simplesmente não tem outra opção a não ser permanecer ali.
“O que o governo indiano fez foi mover os dejetos químicos para uma vila densamente populosa em outro lugar”, disse ele. “Essa não é maneira correta de lidar com o problema”.
Ainda que os antigos gerentes da fábrica que está abandonada estejam sendo condenados, as crianças de Bhopal continuam brincando na área tóxica devastada.
“Eu vi com meus próprios olhos há algumas semanas. Eu estava ao lado da fábrica e estive lá por cerca de uma hora. Até agora meus olhos estão lacrimejando e meu nariz ficou ferido. Eu assisti as crianças jogarem críquete em um solo estéril, onde nada cresce. O lugar é ideal para jogar críquete, bem como para respirar poeira altamente tóxica.”
Finnigan e outros ativistas não estão satisfeitos com o veredicto que pode ser o sinal do começo de uma nova era na qual os responsáveis finalmente serão levados à justiça. Mas Finnigan não tem muitas esperanças:
“As acusações que foram feitas contra eles ficaram muito longe do que poderia ou deveria ser. Nem toca no centro da questão, que é o problema de saúde que as pessoas ainda têm. É bom que estas pessoas tenham sido condenadas, mas é muito pouco comparado com a responsabilidade da Union Carbide. Esse julgamento não vai descontaminar a filial de Bhopal.”
Mais de 25 anos depois das milhares de mortes do desastre da filial da empresa Union Carbide, em Bhopal, na Índia, oito executivos foram julgados culpados por negligência. Eles foram sentenciados a dois anos de prisão em 7 de junho.
O desastre, após o vazamento de um gás tóxico, aconteceu em dezembro de 1984. Algumas estimativas sugerem que mais de 25 mil pessoas morreram. Um quarto de século depois, a população vizinha da fábrica continua sofrendo por ainda viver na área que continua contaminada.
O governo indiano e a empresa química estadunidense Union Carbide, então proprietária da fábrica, estiveram envolvidos em diversas batalhas jurídicas. Em 25 anos, essa semana foi a primeira vez que alguém envolvido no caso foi condenado.
Os executivos da Union Carbide foram acusados de morte por negligência e devem cumprir pena máxima de dois anos de prisão.
Muito pouco, muito tarde“É muito pouco, muito tarde”, diz Peter Finnigan, diretor do Apelo Médico Bhopal, organização que administra duas clínicas de saúde onde as vítimas do vazamento de gás são tratadas. “Eu gostaria que o foco da atenção tivesse sido realmente a Union Carbide USA, que ficou foragida da justiça na Índia desde 1992.”
De acordo com Finnigan, os condenados são apenas parcialmente culpados pelo que aconteceu – “Eles não são os estrategistas, que tomaram as decisões operacionais. Tais decisões foram tomadas nos Estados Unidos (nos escritórios da Union Carbide), mas a Union Carbide sempre se recusou a aparecer nas cortes indianas”.
Finnigan não vê a condenação sequer como uma pequena vitória para as vítimas: “Esse julgamento não vai ter nenhum impacto para as vítimas. O que essas pessoas precisam é da descontaminação do terreno. Essa é a única coisa que pode pôr um fim a essa tragédia. Na verdade, essa decisão não afeta a saúde das pessoas de Bhopal, que continuam desesperadamente precisando de ajuda.”
Finnigan argumenta que as condições de saúde daqueles que vivem na área contaminada está pior do que nunca. “Cerca de cem mil pessoas sofrem de doenças crônicas. Eles sofrem com o resultado direto da inalação do gás. Há também um crescimento no problema da contaminação da água”.
Pode soar estranho saber que as pessoas continuam vivendo nas proximidades da área em que ocorreu o desastre, mas Finnigan diz que a maioria das vítimas simplesmente não tem outra opção a não ser permanecer ali.
“O que o governo indiano fez foi mover os dejetos químicos para uma vila densamente populosa em outro lugar”, disse ele. “Essa não é maneira correta de lidar com o problema”.
Ainda que os antigos gerentes da fábrica que está abandonada estejam sendo condenados, as crianças de Bhopal continuam brincando na área tóxica devastada.
“Eu vi com meus próprios olhos há algumas semanas. Eu estava ao lado da fábrica e estive lá por cerca de uma hora. Até agora meus olhos estão lacrimejando e meu nariz ficou ferido. Eu assisti as crianças jogarem críquete em um solo estéril, onde nada cresce. O lugar é ideal para jogar críquete, bem como para respirar poeira altamente tóxica.”
Finnigan e outros ativistas não estão satisfeitos com o veredicto que pode ser o sinal do começo de uma nova era na qual os responsáveis finalmente serão levados à justiça. Mas Finnigan não tem muitas esperanças:
“As acusações que foram feitas contra eles ficaram muito longe do que poderia ou deveria ser. Nem toca no centro da questão, que é o problema de saúde que as pessoas ainda têm. É bom que estas pessoas tenham sido condenadas, mas é muito pouco comparado com a responsabilidade da Union Carbide. Esse julgamento não vai descontaminar a filial de Bhopal.”
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