quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Maputo

Ainda se ouvem tiros na periferia - 6 mortos e 80 feridos
por Alexandre Chiure, DN.pt e Lusa Hoje

(ACTUALIZADA) Numa altura em que alguma calma começa a regressar às ruas de Maputo, ouvem-se ainda tiros na periferia da cidade, na zona do aeroporto. Os confrontos de hoje dos manifestantes com as autoridades fizeram pelo menos seis mortos, entre eles duas crianças, e 80 feridos, 14 dos quais em estado grave, segundo a Lusa.
Espera-se a qualquer momento uma declaração sobre a situação do Presidente de Moçambique, Armando Guebuza.

"Registámos actos de desacato à ordem pública com capa de manifestação. São actos lamentáveis por serem ilegais e pelo seu carácter violento. São actos de vandalismo que incidem sobre cidadãos honestos e trabalhadores", disse o governante pela televisão pública TVM.
Os confrontos começaram na sequência de manifestações contra o aumento do custo de vida. Manifestantes cortaram todas as vias de acesso à cidade de Moçambique, na maioria dos casos com pneus a arder.
A polícia foi totalmente mobilizada, incluindo as forças especiais, tendo efectuado vários disparos para dispersar os manifestantes.
Segundo relatos ouvidos por jornalistas no local, as autoridades utilizaram balas reais nos disparos contra os manifestantes.
A entrada em Maputo para quem chega do norte de Moçambique, a principal porta de entrada na capital, foi cortada com pneus a arder. A circulação de pessoas é impossível. Outras entradas em Maputo também foram bloqueadas, como a da Matola.
Na avenida Sebastião Mabote, em direcção à praça de Magoanine, grupos de jovens estiveram hoje de manhã a partir garrafas e a queimar pneus.
As autoridades moçambicanas e portuguesas garantem que não há registo de portugueses feridos nos confrontos.
Aumento dos preços da água, electricidade e pão foi rastilho
Populares queixaram-se à Lusa de que "a situação não está a dar", referindo-se ao aumento do custo de vida. Para hoje mesmo, estão previstos aumentos dos preços da água e da luz e dentro de dias do pão, depois de os combustíveis terem aumentado em Moçambique quatro vezes, nos últimos meses.
A manifestação de hoje já era anunciada na terça-feira, por e-mail e por mensagens, mas a polícia alertou, também na terça feira, que nenhuma manifestação estava autorizada, apelando para a calma.
Ainda assim, na manhã de hoje, houve confrontos entre populares e autoridades, com apedrejamento de autocarros, tiros e disparos de gás lacrimogéneo em vários bairros de Maputo.

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