General brasileiro contra 'gays'
por SUSANA SALVADOR
por SUSANA SALVADOR
Responsável diz que os homossexuais não têm capacidade para comandar as tropas em combate.
"Alexandre, o Grande [rei da Macedónia], era homossexual e a tropa obedecia", disse o ex-sargento do exército brasileiro Fernando de Alcântara Figueiredo, envolvido no primeiro caso assumido de um casal gay na história das Forças Armadas do Brasil. Era uma resposta à polémica desencadeada pelas declarações do general Raymundo Nonato de Cerqueira Filho, que afirmou no Senado ser contra a presença de homossexuais do Exército porque a tropa se recusaria a acatar as suas ordens.
"O indivíduo não consegue comandar. A tropa fatalmente não vai obedecer. Isso está provado. Não é que o indivíduo seja criminoso, e sim o tipo de actividade. Se ele é assim, talvez haja outro ramo de actividade que ele possa desempenhar", disse o general na Comissão de Constituição de Justiça. A audiência servia para avaliar a sua nomeação para um lugar no Superior Tribunal Militar e no final obteve o voto favorável de todos os 22 senadores.
O general indicou que iria responder "de uma maneira sincera" à questão colocada sobre o ingresso de homossexuais nas Forças Armadas. Admitindo a existência de gays nos quartéis, indicou contudo que só devem ser aceites se mantiverem a sua opção sexual em segredo: "Nós sabemos que existem, mas não sabemos quem são. Se mantêm a dignidade, honram a sua farda e não há conhecimento oficial, não vejo problema."
Já o almirante Álvaro Luiz Pinto, que também estava na audiência para o Superior Tribunal Militar, preferiu expressar uma postura neutra. "Não tenho nada contra, desde que mantenham a dignidade da farda, do cargo e do trabalho. Se mantiver a sua dignidade, sem problema nenhum. Se for ferindo a ética, aí eu não seria a favor."
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Ophir Cavalcante, classificou o episódio como "lamentável" em declarações à rede Globo. "A defesa do país tem que ser feita por homens e mulheres preparados, adestrados e treinados para este fim, independentemente da opção sexual de cada um", afirmou, acrescentando que é contra a Constituição discriminar pela opção sexual. Já a responsável da associação Arco-Íris de Cidadania LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais) considerou a declaração "um disparate completo".
O ex-sargento Figueiredo, que em 2008 revelou manter há dez anos uma relação homossexual com o sargento Laci Marinho de Araújo (ambos entretanto afastados), lembrou ao site G1 ter trabalhado durante 15 anos nas Forças Armadas e nunca ser desrespeitado. "Numa situação de batalha, o meu sangue como homossexual é tão importante quanto o de um heterossexual. O que dita o carácter não é a vida íntima", indicou, acrescentando que conhece até generais homossexuais.
Houve contudo quem minimizasse a posição de Cerqueira Filho, como o próprio ministro da Defesa brasileiro, Nelson Jobim: "Essa manifestação feita pelo general que foi inquirido no Senado para o Supremo Tribunal Militar não influenciará os debates internos porque isso não diz respeito ao tribunal que ele agregará."
Outros defenderam a posição do general. "Pior seria se ele mentisse na comissão e, em seguida, agisse de forma diferente das suas palavras no tribunal. Ele não foi preconceituoso, apenas alertava sobre as dificuldades de participação dos homossexuais nas Forças Armadas", disse o senador Romeu Tuna à Folha de São Paulo. Cerqueira Filho deverá explicar-se melhor numa carta aos senadores.
FONTE:
DN GLOBO
http://dn.sapo.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=1487887&seccao=CPLP
"Alexandre, o Grande [rei da Macedónia], era homossexual e a tropa obedecia", disse o ex-sargento do exército brasileiro Fernando de Alcântara Figueiredo, envolvido no primeiro caso assumido de um casal gay na história das Forças Armadas do Brasil. Era uma resposta à polémica desencadeada pelas declarações do general Raymundo Nonato de Cerqueira Filho, que afirmou no Senado ser contra a presença de homossexuais do Exército porque a tropa se recusaria a acatar as suas ordens.
"O indivíduo não consegue comandar. A tropa fatalmente não vai obedecer. Isso está provado. Não é que o indivíduo seja criminoso, e sim o tipo de actividade. Se ele é assim, talvez haja outro ramo de actividade que ele possa desempenhar", disse o general na Comissão de Constituição de Justiça. A audiência servia para avaliar a sua nomeação para um lugar no Superior Tribunal Militar e no final obteve o voto favorável de todos os 22 senadores.
O general indicou que iria responder "de uma maneira sincera" à questão colocada sobre o ingresso de homossexuais nas Forças Armadas. Admitindo a existência de gays nos quartéis, indicou contudo que só devem ser aceites se mantiverem a sua opção sexual em segredo: "Nós sabemos que existem, mas não sabemos quem são. Se mantêm a dignidade, honram a sua farda e não há conhecimento oficial, não vejo problema."
Já o almirante Álvaro Luiz Pinto, que também estava na audiência para o Superior Tribunal Militar, preferiu expressar uma postura neutra. "Não tenho nada contra, desde que mantenham a dignidade da farda, do cargo e do trabalho. Se mantiver a sua dignidade, sem problema nenhum. Se for ferindo a ética, aí eu não seria a favor."
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Ophir Cavalcante, classificou o episódio como "lamentável" em declarações à rede Globo. "A defesa do país tem que ser feita por homens e mulheres preparados, adestrados e treinados para este fim, independentemente da opção sexual de cada um", afirmou, acrescentando que é contra a Constituição discriminar pela opção sexual. Já a responsável da associação Arco-Íris de Cidadania LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais) considerou a declaração "um disparate completo".
O ex-sargento Figueiredo, que em 2008 revelou manter há dez anos uma relação homossexual com o sargento Laci Marinho de Araújo (ambos entretanto afastados), lembrou ao site G1 ter trabalhado durante 15 anos nas Forças Armadas e nunca ser desrespeitado. "Numa situação de batalha, o meu sangue como homossexual é tão importante quanto o de um heterossexual. O que dita o carácter não é a vida íntima", indicou, acrescentando que conhece até generais homossexuais.
Houve contudo quem minimizasse a posição de Cerqueira Filho, como o próprio ministro da Defesa brasileiro, Nelson Jobim: "Essa manifestação feita pelo general que foi inquirido no Senado para o Supremo Tribunal Militar não influenciará os debates internos porque isso não diz respeito ao tribunal que ele agregará."
Outros defenderam a posição do general. "Pior seria se ele mentisse na comissão e, em seguida, agisse de forma diferente das suas palavras no tribunal. Ele não foi preconceituoso, apenas alertava sobre as dificuldades de participação dos homossexuais nas Forças Armadas", disse o senador Romeu Tuna à Folha de São Paulo. Cerqueira Filho deverá explicar-se melhor numa carta aos senadores.
FONTE:
DN GLOBO
http://dn.sapo.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=1487887&seccao=CPLP
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