quarta-feira, 21 de setembro de 2011

HIV

Técnica criada por cientistas britânicos consegue impedir o vírus HIV de danificar o sistema imunológico humano
Descoberta abre caminho para criação de vacina eficiente contra a aids
Aids: com a inativação do vírus do HIV, cientistas se aproximam da criação de uma nova vacina (Thinkstock)
Cientistas do Imperial College de Londres e da Universidade de Johns Hopkins descobriram uma maneira de evitar que o vírus HIV, causador da aids, danifique o sistema imunológico humano. Segundo a pesquisa, publicada no periódico médico Blood, a descoberta pode ser o passo inicial para o desenvolvimento de uma vacina eficaz contra a aids.
Durante os estudos em laboratório, os pesquisadores descobriram que, quando o colesterol é removido da membrana do HIV, o vírus se torna incapaz de danificar o sistema imunológico. Quando uma pessoa contrai um vírus comum, esse sistema tem uma resposta inata, defendendo o corpo da infecção. Alguns pesquisadores acreditam, porém, que o HIV leva o organismo a uma reação exagerada, o que acaba enfraquecendo a próxima linha de defesa do sistema imunológico, também conhecida como resposta imune adaptativa.
Assim, com a remoção do colesterol da membrana que envolve o vírus, o HIV foi impedido de desencadear a resposta imune inata. Isso resultou em uma resposta adaptativa mais forte, orquestrada pelas células imunes chamadas células-T. De acordo com os pesquisadores, os resultados vão ao encontro da ideia de que o HIV estimula em excesso a resposta inata, enfraquecendo o sistema imunológico.
“O HIV é muito sorrateiro. Ele foge das defesas do hospedeiro desencadeando respostas exageradas que danificam o sistema imunológico. É como manter seu carro na primeira marcha por tempo demais. Eventualmente o motor estraga”, diz Adriano Boasso, coordenador da pesquisa e médico do Imperial College de Londres. Segundo o especialista, essa pode ser a razão pela qual o desenvolvimento de uma vacina tem se provado tão difícil. “A maioria das vacinas instrui a resposta adaptativa e reconhecer o invasor, mas é difícil de isso funcionar se o vírus desencadeia outros mecanismos que enfraquecem a resposta adaptativa.”
Colesterol - O HIV forma sua membrana das células que infecta. Essa membrana contém colesterol, substância que ajuda a mantê-lo fluído. A fluidez da membrana permite ao vírus interagir com tipos particulares de células. O colesterol na membrana celular, no entanto, não está relacionado ao colesterol no sangue, que é um fator de risco para doenças cardíacas e não tem relação com o HIV.
Normalmente, um subconjunto de células do sistema imunológico chamadas células dendríticas plasmocitóides (pDCs, sigla em inglês) reconhece e reage rapidamente com o HIV, através da produção de moléculas sinalizadoras chamadas interferons. Esses sinalizadores ativam vários processos que são úteis inicialmente, mas que danificam o sistema imunológico se ativados por muito tempo.
A equipe de Adriano Boasso descobriu, então, que se o colesterol é removido da membrana do HIV ele fica incapacitado de ativar as pDCs. Como consequência, as células-T, que orquestram a resposta adaptativa, conseguem combater o vírus de maneira mais eficaz.
A remoção do colesterol foi feita com o uso de várias concentrações de beta-ciclodextrina (bCD, sigla em inglês), um derivado do amido que se liga ao colesterol. Usando níveis elevados de bCD eles produziram um vírus com um grande buraco no envelope, que não era infeccioso e não podia ativar pDCs. Ainda assim, as células –T do sistema de defesa conseguiam reconhecer o vírus e ataca-lo. “É como um exército que perdeu suas armas, mas ainda tem suas bandeiras. O exército adversário ainda consegue reconhecê-lo e atacá-lo”, diz.

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