quarta-feira, 28 de setembro de 2011

América do Sul terá seu acelerador de partículas

América do Sul terá seu acelerador de partículas
Laboratório subterrâneo será instalado na cordilheira dos Andes, entre Argentina e Chile
EFE
27/09/2011 15:46
Foto: AFP Ampliar
Projeto Andes terá um acelerador de partículas similar ao Tevatron dos EUA, na foto acima
Um grupo de cientistas vai estudar os segredos do universo em um laboratório subterrâneo de física de partículas que será instalado em um túnel na cordilheira do Andes em uma região entre a Argentina e o Chile.
O projeto Andes envolve cientistas de Argentina, Brasil, Chile e México que receberam o apoio de colegas americanos e europeus em troca da cooperação no estudo da matéria escura, os neutrinos e outras partículas subatômicas, explicou nesta terça-feira o coordenador da iniciativa, o físico franco-argentino Xavier Bertou.
Também "há grande interesse" em usar o laboratório para estudos de impacto dos raios cósmicos sobre o envelhecimento celular, de geofísica - para criar uma rede de sismógrafos entre a Argentina e o Chile - e de meio ambiente, com base em medições de baixíssima radioatividade, explicou o cientista.
A construção do laboratório custará US$ 15 milhões (cerca de 27 milhões de reais), o equivalente a 2%" do custo do túnel rodoviário Água Negra, que unirá a cidade de Iglesia, na província argentina San Juan, à chilena de Vicuña.
O túnel que começará a ser construído no ano que vem, terá 14 quilômetros de extensão e um laboratório que será instalado a mais de 1.500 metros abaixo da superfície.
Segundo o site do projeto, em uma caverna principal serão feitos dois ou três experimentos maiores, enquanto uma cavidade secundária abrigará três ou quatro andares destinados a estudos variados, cortados por túneis de acesso que ocuparão 2.500 metros quadrados da superfície subterrânea.
Possivelmente será construída uma terceira caverna em forma de poço, com 15 a 20 metros de diâmetro e 20 de profundidade para experimentos maiores, informou.
Bertou afirmou ainda que falta pelo menos US$ 5 milhões (R$ 9 milhões) para equipar o laboratório para estudos de física de partículas. Segundo ele, "grande parte" desses estudos só pode ser feita em locais abaixo de rochas que protegem da interferência dos raios cósmicos (que produzem os neutrinos).
Os neutrinos são partículas subatômicas que atravessam a Terra em uma velocidade de bilhões de quilômetros por segundo, e entender seu comportamento "é fundamental" para o estudo da física, acrescentou Bertou.
Os cientistas acreditam que 85% da matéria do universo é composta por matéria escura, cujas características são totalmente desconhecidas.
O coordenador do projeto Andes ressaltou que atualmente há mais de dez laboratórios subterrâneos no hemisfério norte, entre eles o italiano Grande Sasso, onde foram medidos os neutrinos que aparentam ser mais rápidos que a luz.
O laboratório localizado no hemisfério sul permitirá que sejam feitos estudos cruzados dos neutrinos. "Devido ao movimento da Terra, alguns estudos ganhariam muito se fossem feitos nos dois hemisférios para que os eventos extrassolares possam ser triangulados", disse Bertou.
O projeto Andes tem o potencial de incentivar a criação de empresas de alta tecnologia, como aconteceu nas regiões próximas aos laboratórios na Europa, disseram os cientistas.

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