Mudanças na atmosfera podem prever terremotos fatais
Há muito tempo os cientistas tentam, sem sucesso, prever terremotos e catástrofes naturais. E, tendo em vista os últimos acontecimentos, qualquer pista seria muito útil.
Agora, um novo estudo descobriu que a atmosfera acima do epicentro do terremoto japonês de 11 de março sofreu mudanças incomuns nos dias que antecederam o desastre. A pesquisa pode oferecer uma possibilidade intrigante de previsão de terremotos (embora ainda distante).
A ideia não é exatamente nova. A teoria, que nos círculos da ciência se chama “Mecanismo de Engate Litosfera-Atmosfera-Ionosfera”, diz o seguinte: logo antes de um terremoto, a falha libera mais gases, especialmente o gás incolor e inodoro radônio.
Uma vez na atmosfera superior, a ionosfera, o gás radônio “tira” elétrons de moléculas de ar, dividindo-os em partículas carregadas negativamente (elétrons livres) e partículas de carga positiva. Essas partículas carregadas, chamadas íons, atraem água condensada em um processo que libera calor. A grande jogada é que os cientistas podem detectar esse calor sob a forma de radiação infravermelha.
Utilizando dados de satélite, os pesquisadores observaram a atmosfera nos dias antes do terremoto japonês, e descobriram que a concentração de elétrons na ionosfera aumentou nos dias antes do terremoto, assim como a radiação infravermelha. O dia 8 março, três dias antes do terremoto, foi o dia mais anômalo.
Os pesquisadores também analisaram dados de mais de 100 terremotos na Ásia, e encontraram correlações semelhantes para terremotos com magnitudes maiores que 5,5 e profundidades menores que 50 quilômetros.
A ideia dos cientistas é envolver pesquisadores do mundo inteiro em um esforço de “monitoramento” internacional da atmosfera. Antes de qualquer certeza, é preciso observar terremotos ao longo do tempo para certificar-se de que o fenômeno atmosférico é estatisticamente relacionado com as rupturas. Também é preciso saber quantas vezes essas anomalias atmosféricas aparecem sem um tremor associado.
No entanto, os pesquisadores já alertam que isso está longe de ser “uma grande descoberta”. O sucesso da previsão de terremoto não é garantido; até hoje, ninguém conseguiu prever um terremoto a partir de dados atmosféricos, e uma abundância de supostos precursores de terremotos, desde comportamento animal estranho a lençóis freáticos, se provaram não confiáveis.
Como cientistas que estudam terremotos já foram “queimados” muitas vezes no passado, os novos pesquisadores aprenderam a não ficarem animados com todos os métodos de previsão potenciais. Ainda assim, isso não significa que os planos em andamento de discutir a pesquisa sobre as mudanças na ionosfera não possam trazer bons resultados.
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