quinta-feira, 4 de agosto de 2011

AUMENTO DO NÍVEL DO MAR

Fonte “inesperada” de aumento do nível do mar é preocupante
Por Natasha Romanzoti em 4.08.2011 as 12:15
Quem – ou o quê – é o culpado por trás dos drásticos aumentos no nível do mar? Uma nova pesquisa mostra que nem tudo é o que nós pensávamos – pelo contrário, pode ser muito pior e ter implicações para a vida na Terra hoje.
A última vez que partes da Terra estiveram tão quentes quanto hoje foi há cerca de 100.000 anos. No período conhecido como o último período interglacial (128 a 116.000 anos atrás), as temperaturas de verão no hemisfério norte ficaram até 5 graus Celsius mais quentes e, em todo o mundo, os níveis do mar aumentaram em cerca de 6,5 metros do que são agora.
“As únicas formas de fazer isso são através de expansão térmica dos oceanos e derretimento do gelo”, explicou Anders Carlson, professor de geociência. “Os mares só ascendem ao longo de milhões de anos, impulsionados pelos movimentos de crostas e construção de montanhas, mas isso ocorreu a apenas alguns milhares de anos, o que é muito pouco tempo para ser explicado pela tectônica”, complementa.
Isso significa que, se os níveis dos mares estão aumentando novamente, não é só por causa de expansão térmica e derretimento de gelo. Ou, pelo menos, não da forma como nós contabilizamos.
É razoavelmente bem estabelecido que as temperaturas mais quentes contribuem com cerca de 0,4 metros de aumento do nível do mar – a água se expande à medida que fica mais quente.
Isso deixa o derretimento do gelo como o único fator restante. “As únicas fontes viáveis de derretimento são a Antártida ou a Groenlândia”, disse Carlson. “Quando começamos este estudo, eu realmente pensei que pudesse explicar a maior parte do aumento do nível do mar pela Groenlândia” – o que não ocorreu.
Carlson e seus colegas estudaram sedimentos que foram depositados ao longo do fundo do mar durante o último período interglacial, a sul da Groenlândia. O lodo foi recuperado por uma expedição de perfuração em 1999.
Isótopos – assinaturas atômicas dentro dos sedimentos – revelaram onde o sedimento se originou, e a presença ou ausência de depósitos de sedimentos em determinados pontos abaixo do fundo do oceano indicavam se a ilha estava sem ou com gelo durante o último período interglacial.
A pesquisa é uma das primeiras a oferecer evidências geoquímicas e sedimentares para a magnitude da perda de gelo na Groenlândia. Ela indica que, na metade sul da Groenlândia, o gelo na verdade recuou 125.000 anos atrás, mas não tanto quanto muitos cientistas estimavam.
Os resultados deste período antigo melhoram nossa compreensão do que poderia acontecer para a ilha de gelo no mundo de hoje, com o atual aquecimento. “Isso significa que a Groelândia não é tão sensível quanto as pessoas pensam”, disse Carlson. “Por isso, o nível do mar elevará no futuro, mas não tão rápido quanto se estimava”.
Essa é uma boa notícia, certo? Nem tanto. Isso significa que mesmo as estimativas mais conservadoras da altura do mar no passado não podem ser explicadas pelo derretimento do gelo apenas no hemisfério norte. “Você precisa que a Antártica esteja recuando, também, o que é mais assustador”, fala Carlson.
O gelo pré-histórico derretido em um continente no canto do mundo pode não soar assustador, mas o clima em todo o mundo pode estar a ponto de repetir o que ocorreu no passado. “Este período recente de verões mais intensos no hemisfério norte tem sido usado como uma analogia para o que o clima poderia ser no final do século”, disse Carlson.
Mais pesquisas são necessárias para entender melhor os detalhes do clima 100.000 anos atrás no hemisfério sul, e como ele coincide com o derretimento do gelo na Antártida. No entanto, a pesquisa indica que a Antártida parece ser mais propensa a derretimentos súbitos e imprevisíveis do que a Groelândia.
Na verdade, partes da Antártida já estão nas garras das mudanças de temperatura acentuadas. Pesquisas indicam que a Península Antártica, um dedo de terra que aponta para a América do Sul, é uma das áreas aquecendo mais rapidamente no planeta.
Nas últimas décadas, a área sofreu colapsos catastróficos, que aceleraram o derretimento das geleiras. Carlson disse que, embora sua pesquisa estude o passado distante, pode mostrar o que isso significa para o presente. “Eu acho que o aumento do nível do mar é definitivamente preocupante”, finaliza.[

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