quarta-feira, 17 de novembro de 2010

MOVIMENTO PIONEIRO

Renovação
Católicos belgas formam suas próprias igrejas
Insatisfação com a Igreja e escândalos de pedofilia levam holandesas e belgas a criar igrejas alternativas, onde cerimônias católicas são realizadas sem padres
17/11/2010
Um movimento pioneiro, que desafia séculos de doutrina da Igreja Católica ao dispensar o uso de padres em seus sermões e rituais, começa a ganhar força em regiões da Bélgica e da Holanda, segundo o jornal New York Times.
Nos últimos dois anos, cerca de 12 dessas igrejas católicas alternativas cresceram e se espalharam, motivadas pela escassez de padres, o fechamento de igrejas, a insatisfação com as nomeações de bispos conservadores pelo Vaticano e, mais recentemente, o desagrado com o acobertamento de abuso sexual por parte de padres.
Cinco dessas instituições, chamadas “eclésias” (derivada do verbo grego que significa congregar), foram formadas no ano passado, na Holanda, por católicos que romperam com suas paróquias. E mais estão sendo criadas, de acordo com Franck Ploum – que ajudou a começar uma em janeiro em Breda, na Holanda, e está organizando uma conferência para os grupos dissidentes nos dois países.
Na Don Bosco, uma eclesiasta em Buizingens, homens e mulheres são treinados como “condutores”. Eles administram missas e cerimônias vitais como casamentos, batismos e funerais. Os membros da igreja assumiram o controle pouco mais de um ano atrás, quando seu padre se aposentou sem um sucessor.
“Estamos resistindo um pouco como Ghandi”, declarou Johan Veys, um ex-padre casado que realiza batismos e recruta novatos para outras tarefas em Don Bosco. “Nossa intenção não é criticar, mas viver corretamente. Nós pressionamos silenciosamente. É importante ter uma comunidade onde as pessoas se sentem em casa e podem encontrar paz e inspiração.”
Rota de colisão com o Vaticano
Ainda assim, estes grupos parecem estar em rota de colisão com o Vaticano e a Igreja Católica na Bélgica – que vem sofrendo com a repercussão de um escândalo de abuso sexual envolvendo 475 vítimas, e o pedido de demissão do bispo de Bruges, Rogver Vangheluwe, que admitiu, no último mês de abril, ter molestado seu sobrinho.
Para o Vaticano, apenas padres ordenados poderiam celebrar missas, batismos e casamentos. O arcebispo de Mechelen-Bruxelas, André-Joseph Leonard, por exemplo, já manifestou oposições aos serviços alternativos, chamando-os de “práticas inaceitáveis.” O arcebispo esteve envolvido em controvérsias após classificar a acusação de padres idosos por atos pedófilos como “vingança” e chamar a AIDS de “justiça inerente” pelos atos homossexuais promíscuos.
Novos tempos
“Algo está começando a rachar”, declarou o Reverendo Gabriel Ringlet, um padre e ex-vice-reitor da Universidade Católica de Louvain (que está considerando tirar o ‘Católica’ do nome). “Eu acho que a Igreja Católica da Bélgica está começando a sentir algo excepcional pela primeira vez em 40 anos. Muitos católicos estão acordando e soltando a voz.”
Em Bruges, a cidade no centro do escândalo de pedofilia da Igreja, um grupo alternativo chamado De Lier (De Lyre, em holandês) ataca os problemas da igreja em seus serviços semanais. Nestes serviços, celebrados por dois homens, duas mulheres e um padre, eles criticam e expressam vergonha acerca das tentativas de acobertamento dos escândalos sexuais por parte da Igreja.
Eles também simplificaram os rituais, enfatizando a importância da comunidade. Tipicamente, eles se juntam em torno de uma mesa com taças de vinho de cerâmina e um pedaço redondo de pão, e seus membros são convidados a contar uma história de suas alegrias e tristezas da semana anterior.
“Estamos buscando maneiras de viver a fé de uma maneira moderna”, declarou Karel Ceule, um membro da igreja alternativa. “Se você observar a crise hoje com o Arcebispo Leonard, ele simboliza uma igreja velha e conservadora. Em Flanders, isso não funciona mais. Nós chegamos a um patamar da história no qual não aceitamos que o padre tem que ser o mediador. Queremos assumir o comando de batismos e comunhões.”
Os membros desses grupos alternativos afirmam não esconder o que estão fazendo, especialmente quando as mudanças são ocasionadas pela falta de padres. “Se vocês perguntem oficialmente à diocese a respeito disso, eles dirão que você não pode fazer”, declarou Bart Vanvolsem, um membro da Don Bosco. “Eles dizem que, se não há padre, não á missa. Mas Cristo está aqui”.
FONTE 1
FONTE 2

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