O implante demonstra, pela primeira vez, que uma função cognitiva pode ser melhorada com um dispositivo que simula o padrão cerebral
19/06/2011
Pesquisadores usam algumas das técnicas para interpretar a atividade neural
Cientistas criaram um implante para o cérebro que recupera o funcionamento da memória perdida e fortalece a recordação de novas informações. A pesquisa das universidades Wake Forest e Southern California é um passo fundamental para o desenvolvimento de neuropróteses para consertar déficits de demência, AVC e contusões cerebrais em humanos.
Apesar de ainda não ter sido testado com humanos, o implante demonstra, pela primeira vez, que uma função cognitiva pode ser melhorada com um dispositivo que simula o padrão de descargas neurais. Recentemente, neurocientistas desenvolveram implantes que permitem que pessoas com paralisia movam membros com próteses ou ativem um cursor de computador apenas com seus pensamentos.
Na pesquisa, publicada nesta sexta-feira, 17, os pesquisadores usam algumas das técnicas para interpretar a atividade neural, mas eles interpretam esses sinais internamente para melhorar a função cerebral em vez de ativar anexos exteriores. “Nós estamos apenas arranhando a superfície quando se trata de interações com o cérebro, mas este experimento mostra as possibilidades e o grande potencial de se interagir com o cérebro desta maneira”, afirma Daryl Kipke da Universidade de Michigan.
Metodologia
Em uma série de experimentos, os cientistas condicionaram ratos a lembrarem qual de duas alavancas idênticas eles deveriam pressionar para conseguir água. O rato via a primeira alavanca e, depois de distraído, tinha que lembrar que tinha que pressionar a outra alavanca para receber a água. Esse treinamento repetitivo ensina os ratos a regra geral, mas em cada tentativa ele deve lembrar qual das duas alavancas apareceu primeiro para escolher a segunda opção.
Os ratos, então, tiveram implantados pequenos eletrodos, que ficaram fixados desde o topo da cabeça até duas partes do hipocampo cruciais na formação de memórias novas, tanto em ratos quanto em humanos. As duas partes, chamadas de CA1 e CA3, se comunicam enquanto o cérebro aprende e armazena novas informações. Os cientistas, então, gravaram essas informações no computador.
Para conseguir testar o implante, os pesquisadores usaram uma droga para desligar as atividades do CA1. Sem ele funcionando, os ratos não poderiam lembrar que alavanca puxar. Eles lembravam a regra geral, mas não qual das duas eles tinham visto primeiro.
Os pesquisadores, tendo gravado o sinal apropriado do CA1 no computador, simplesmente emitiram o mesmo sinal, e os ratos lembraram. O implante atuou como se fosse o próprio CA1 — pelo menos para essa função.
Os autores da pesquisa disseram que, com a tecnologia sem fio e chips de computadores, o sistema pode facilmente ser implantado em humanos, com certos obstáculos técnicos e teóricos. O primeiro é que para funcionar, o implante deve gravar primeiro os sinais para depois reproduzi-los, mas em pessoas com problemas de memória esses sinais podem ser muito fracos. Fora isso, memórias humanas são ricas e complexas, ou seja, implantes nessa área serão limitados.
Mesmo assim, o implante pode ajudar pessoas que vivem com um paciente em um quadro de demência, lembrando onde fica o banheiro, por exemplo.
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