Neurocientistas conseguem manipular os sonhos de ratos. Humanos serão os próximos?
No estudo, o grupo usou como base a maneira como o hipocampo (estrutura localizada nos lobos temporais do cérebro) processa experiências e as transforma em memórias. Durante o sono, ele “repassa” parte das situações que vivenciamos ao longo do dia. Seria possível influenciar de alguma maneira esse “replay”?
Para testar a ideia, os pesquisadores treinaram um grupo de ratos para percorrer um labirinto enquanto ouviam determinadas faixas de áudio. Havia dois tipos de som, e os ratos logo aprenderam qual a utilidade deles: um indicava que havia comida no lado esquerdo do labirinto; outro, que a recompensa estava do lado direito. Durante as atividades, os cientistas monitoraram e gravaram as atividades neurais dos ratos.
Depois, enquanto os animais estavam dormindo, a equipe fez mais gravações. Comparando as ondas, o neurocientista Matt Wilson, líder do grupo, confirmou que os ratos estavam sonhando com a exploração do labirinto.
Engenharia dos sonhos
Até aqui, nenhuma grande surpresa. O “pulo do gato” (ou do rato, com o perdão do trocadilho) veio quando os cientistas colocaram as faixas de áudio para tocar enquanto as cobaias dormiam. Analisando as atividades cerebrais, eles perceberam que os ratos passaram a sonhar com as áreas do labirinto associadas à música que estava tocando. Com esse experimento, Wilson e seus colegas demonstraram que era possível manipular o conteúdo dos sonhos das cobaias reativando determinadas memórias durante o sono – nesse caso, usando sons.Com esse resultado, os pesquisadores acreditam que, futuramente, poderemos ter um controle maior sobre o conteúdo dos nossos sonhos e o processo de consolidação da memória – chegando, talvez, ao ponto de reforçar, bloquear ou mesmo modificar memórias (não exatamente no estilo “O Vingador do Futuro”, mas ainda assim impressionante). Wilson também pretende investigar como esse tipo de “manipulação cognitiva” pode ser usado para aprimorar terapias comportamentais e técnicas de aprendizado.
Os resultados do estudo foram publicados na revista Nature Neuroscience.[io9] [Nature]
FONTE
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