domingo, 12 de dezembro de 2010

Gripe mexicana

Gripe mexicana: vacinação ao invés de informação
Data de publicação : 9 Dezembro 2010 - 12:49pm
Por Willemien Groot (Foto: Flickr/Salomon Aguilar)
A campanha de vacinação da gripe mexicana, promovida pela Organização Mundial da Saúde, em 2009 foi feita usando argumentos indecentes. Esta é a principal mensagem do livro Dossiê Gripe Mexicana, do jornalista investigativo holandês Daan de Wit.
Mexicanos trajando máscaras de proteção, todos os estabelecimentos públicos fechados no México. Estas foram as primeiras imagens da gripe mexicana que rodaram o mundo, que, na época, ainda se chamava gripe suína. Era fevereiro de 2009. Três meses depois a Organização Mundial da Saúde diz tratar-se de uma pandemia. Uma epidemia que pode contaminar o mundo todo, com o potencial de tirar a vida de centenas de milhares de pessoas. A OMS optou por uma campanha de vacinação massiva contra o vírus H1N1.
Indústria
O jornalista investigativo Daan de Wit pesquisou a causa de se escolher pela vacinação ao invés de orientação, bem como os interesses que estavam em jogo. Com riqueza de detalhes, De Wit descreve como a metade ao norte do globo terrestre, onde era verão, via as conseqüências da epidemia de gripe chegando, enquanto que na metade ao sul era inverno. Os ministérios da Saúde da Austrália e Nova Zelândia anunciaram que o fenômeno era suave. Ainda dava tempo de voltar atrás, diz o jornalista. Mas as ligações entre a indústria farmacêutica e a OMS evitaram que isso acontecesse.
“Vê-se a influência da indústria no comitê de risco que atuou durante a gripe mexicana. Seis meses depois ficou claro que um terço das pessoas que estavam nesse comitê tinha ligações com a indústria. No SAGE também ficou claro que metade dos membros tem ligações com a indústria. O SAGE é o Grupo de Assessoria Estratégica de Especialistas sobre Imunização, um grupo de cientistas que aconselha a OMS sobre vacinas e tem muita influência. E cada vez você vê essas conexões em todos os planos.”
Transparência
O virólogo holandês Ab Osterhaus, do Centro Médico Erasmus, teve um papel importante durante a pandemia. Ele também faz parte da SAGE e chama esse tipo de crítica de perigosa, embora a reconheça e afirme que a conexão com a indústria farmacêutica é inevitável.
“É muito importante que a OMS seja bem assessorada. Nós, como cientistas, precisamos estar intimamente ligados à Organização Mundial da Saúde. Mas os governos não produzem remédios ou vacinas, isso é feito pela indústria, que precisa colaborar de maneira estreita com a academia, nas esferas pública e privada.”
Se as relações de cooperação são transparentes o suficiente, Osterhaus prefere não comentar. É uma avaliação que está sendo feita nesse momento que pode responder. O virólogo holandês combate a idéia de que a gripe mexicana foi suave e diz que ainda concorda com as medidas tomadas pela OMS.
Grande influência
No entanto, o conflito de interesses é essencial, diz de Wit. Sob pressão dos fabricantes de vacina, a definição de uma pandemia tornou-se menos rígida. Com isso, o caminho ficou livre para uma campanha de vacinação. Em nenhum momento deu-se um passo atrás para ver se isso era realmente necessário, afirma o autor. Mesmo tratando-se de uma vacina experimental.
“Havia pessoas que queriam ter mais informações sobre os componentes da vacina. Eles foram estruturalmente obstruídos pelo governo holandês. Enquanto que, na verdade, o governo tem como tarefa informar aos cidadãos, para que esses possam decidir se eles querem ou não ser vacinados. Foi feita uma campanha de vacinação e não de informação”.
Osterhaus chama a afirmação de Daan de Wit, sobre a flexibilização da definição de pandemia, de absurda. “Trata-se de uma doença mundialmente contagiosa. Não se pode esperar para saber se o vírus é ou não perigoso. É preciso vacinar.” Segundo o virólogo cinco estudos comprovam a segurança da vacina.
Mas o jornalista investigativo Daan de Wit vislumbra o próximo passo. Ele espera que seu livro conduza a um inquérito parlamentar na Holanda, no qual a questão possa ser esclarecida.
FONTE

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