domingo, 20 de fevereiro de 2011

Depressão

Depressão: Resultado de Auto-Punição? - Uma Interpretação
Será que uma pessoa deprimida pode estar assim por punir-se a si mesma? Como entender que pode haver uma autopunição em certas pessoas deprimidas? Elas se puniriam por conta de que fato?
Depressão é um estado mental sofrido. Caracteriza-se por tristeza profunda, desânimo, idéias negativas, pessimistas, às vezes irritação, chôro fácil ou bloqueio do chorar (quando então a pessoa experimenta uma forte angústia no peito, que é o choro preso), desprazer em estar com as pessoas, sente-se pior pela manhã, tendo dificuldade para levantar da cama, insônia, às vezes idéias suicidas (porque a pessoa não vê solução para seu sofrimento), etc.
A depressão pode surgir por perda do objeto amado. Perda real ou imaginária, parcial ou total, temporária ou definitiva. Quando um cônjuge se casa amando seu marido/mulher, e ao longo dos anos de casamento ocorrem frustrações entre ambos porque nenhum dos dois satisfaz todas as necessidades afetivas mútuas, há, então, uma perda. Pode-se juntar a esta perda a que foi trazida da infância na qual também ocorreram frustrações na família de origem. A perda da infância pode ficar inconscientizada e a pessoa viver no presente como se a dor do passado não tivesse mais nenhuma relação com a atual – nem toda dor emocional do passado mal resolvida é consciente. Alia-se à esta perda infantil, a perda atual, ou seja, do casamento. Daí surge acúmulo de dor que pode se tornar insuportável.
O que você faz quando surge dor física? Toma um analgésico, um comprimido, um líquido, uma injeção, um chá, uma pomada, uma compressa, ou gelo. E quando a dor é emocional? Você pode tomar medicamentos, dormir demais, se drogar, fingir que não há dor, trabalhar demais, punir a pessoa que o frustrou. E como pode punir? Privando-a de afeto, se tornando fria, indiferente, agressiva. Pode trair, se isolar, privar a pessoa de sexo, abandoná-la, pode se dedicar exageradamente à um outro membro da família, etc.
A pessoa frustrada, carente de afeto e de valorização, pode ter razão em se sentir magoada e ferida porque pode ter sido privada de atitudes que gerariam auto-valor. E autovalorização é uma necessidade humana básica. Quando há perturbação da formação dela por causa do desamor anterior, o indivíduo pode recorrer a métodos não construtivos para a formação da necessária autovalorização. Pode buscar a coisa positiva, de maneira negativa, destrutiva.
A Bíblia fala de um "eu" carnal e de um "eu" espiritual. O "eu" carnal também experimenta amor. Só que ele é unido à vaidade. E a vaidade se exalta na tentativa de construir um autovalor machucado e machucador. Mas o amor "carnal" que precisa da vaidade para construir o auto-valor (coisa positiva), busca este auto-valor de maneira errada porque no amor verdadeiro (vivido pelo “eu” espiritual) não existe a busca dos próprios interesses de maneira inconveniente, não produz injustiça, não machuca ninguém. "O amor [maduro] é paciente e bondoso. Não é ciumento, nem orgulhoso, nem vaidoso. Não é grosseiro, nem egoísta. Não se irrita, nem fica magoado. Não se alegra quando alguém faz alguma coisa errada, mas se alegra quando alguém faz o que é certo. Nunca desanima, porém suporta tudo com fé, esperança e paciência." (adaptado de A Bíblia na Linguagem de Hoje).
O tipo de amor que gera auto-valor só tem bons resultados no caminho da verdade, porque se não a sensação de auto-valor pode até vir com a prática do erro, mas junto vem a culpa. E para tentar apagar esta culpa a pessoa pode atacar o outro, aquele que o feriu, ficando cega para seus próprios erros e maneiras equivocadas de buscar auto-valorização.
Se a pessoa está num caminho errado, que sua consciência condena, ela terá culpa inevitavelmente. Culpa real. Pode se sentir péssima consigo e passar a não só punir o outro que a frustrou, como pode – veja só! – punir a si própria. Como? Com a depressão.
A depressão pode ser, portanto, uma forma da pessoa manifestar uma auto-punição (resultado da culpa real) por ter buscado métodos errados de punir aquele que o frustrou. Ela pode ficar nisso o tempo todo, num círculo vicioso assim: se sente frustrada ➜ busca valorização e afeto de maneira errada ➜ surge a culpa ➜ tenta racionalizar essa culpa punindo quem a frustrou ➜ se sente culpada mais ainda (principalmente se a pessoa já pediu perdão e procura amar agora sinceramente) ➜ surgem sintomas depressivos. Volta a buscar valorização e bem-estar da maneira errada ➜ surge a culpa ➜ racionaliza essa culpa atacando ou desprezando quem a frustrou ➜ vem mais culpa ➜ se deprime. Etc.
Será a solução usar remédios para abafar a culpa e a dor? Como cortar este círculo vicioso negativo, destrutivo? Primeiro, a pessoa frustrada precisa cortar o método errado (indiferença, infidelidade, agressividade) que está usando para obter o certo (auto-valor, afeto).
Segundo, perdoar a pessoa que a frustrou, e aceitar o perdão solicitado.
Terceiro, perdoar a si mesma por seus próprios erros.
Quarto, colaborar para a restauração de um relacionamento afetivo maduro, dentro de uma nova visão do amor e do amar.
Quinto, aprender a lidar com a dor da perda (do passado infantil e do presente) , suportando-a, sem fugir para meios destrutivos, acreditando e dando tempo para ver que esta dor irá diminuir e até desaparecer justamente na medida que for enfrentada com a verdade, a lealdade, a paciência, a compreensão, o perdão (por si e pelo outro), e o desejo que pode surgir na alma de amar melhor. A depressão tem cura. E o que cura é a verdade e o amor maduro.

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