Escassez de abelhas ameaça produção de alimentos
Data de publicação : 8 Fevereiro 2011 - 9:42am
Por Belinda van Steijn
Ainda que as abelhas sejam insetos muito dedicados, todo o trabalho não é suficiente para satisfazer a demanda crescente por alimentos.
A necessidade de frutas, verduras e frutas secas é cada vez maior e não há abelhas suficientes para polinizar todas as plantações; como consequência, a produção de alimentos corre perigo, diz o banco holandês Rabobank.
Chama a atenção que um banco se preocupe com a situação das abelhas. O diretor do Rabobank, Dirk Duijzer, comenta que o banco sempre monitora o que esteja relacionado à produção de alimentos. O banco, que antes se chamava “Boerenleenbank” (Banco de Empréstimos para Agricultores), manifestou sua preocupação com a escassez de abelhas e as conseqüências disso para a agricultura e o setor alimentício. Junto com os cientistas, o mundo empresarial e a administração estatal, o banco tenta mudar esta situação.
“Sempre estamos pesquisando questões importantes”, explica Duijzer. “Pode ser a falta de água, o crescimento populacional de 6 para 9 bilhões no mundo. Agora adicionamos o problema das abelhas e a sua presença na natureza. As pesquisas começaram assim que ouvimos falar sobre os problemas dos agricultores de amêndoas na Califórnia, que, nos anos anteriores, falavam de resultados decepcionantes na polinização de suas árvores.”
Alimentos refinados
A população apícola no mundo está passando por um mau momento por estar ameaçada por um parasita, o ácaro varoa. Este ácaro devasta as colônias, que terminam desaparecendo. As abelhas sobreviventes devem intensificar suas atividades para satifazer a demanda crescente de produtos de luxo, não apenas em países ocidentais, mas também, e cada vez mais, em economias menos favorecidas.
Devido à crescente demanda de frutas, cafés e frutas secas, estão sendo criadas plantações mais extensas. Essa é a principal causa do problema, defende o especialista apícola Tjeerd Blacquiere, da Universidade de Wageningen. As plantações são tão grandes que as abelhas não conseguem chegar às partes mais distantes. É o caso das plantações de café.
“No caso do café, o melhor é que se faça a polinização por meio de diferentes polinizadores”, explica Blacquiere. “Não se trata apenas da quantidade de polinizadores que visitam as flores. Muito melhor seria que um tipo de abelha visitasse as plantações, seguido de outro tipo diferente. Assim, a polinização é mais efetiva. Isso só é possível se, ao redor das plantações, ainda existam espaços com vegetação nativa, onde crescem as plantas que proporcionam os nutrientes adicionais para garantir a sobrevivência das abelhas.”
Plantações menores
Segundo Blacquiere, no futuro, as plantações devem se organizar de outra maneira, e em menor escala. Estas grandes plantações têm outra desvantagem: requerem, proporcionalmente, maior quantidade de agrotóxicos, nem sempre bem tolerados pelas abelhas. É o caso do cultivo de vagem no Quênia, cujas colheitas se destinam em parte ao mercado europeu.
“Este tipo de verdura tem de ter um bom aspecto para satisfazer o consumidor europeu. Para isso, é necessário utilizar agrotóxicos. Os testes em nível mundial destes produtos se realizam com base nas abelhas produtoras de mel da Europa. Fica então a pergunta: serão as variantes do Quênia resistentes a estes produtos? Poderiam ser muito mais sensíveis. Ou talvez não. É algo que não sabemos.”
Oriente Médio
Para Tjeerd Blacquiere, mundialmente, não se está dando atenção suficiente ao problema das abelhas. Ele defende que se devem realizar muito mais pesquisas sobre as causas e as possíveis soluções para a falta de abelhas, para assegurar a produção de alimentos no futuro.
O Rabobank pensa, no momento, em seguir participando destas pesquisas, principalmente ao ver que a escassez de alimentos, no nível mundial, está causando cada vez mais conflitos, como acontece agora no Oriente Médio.
FONTE
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