por PEDRO CORREIAHoje Uma e meia da manhã, na passada terça-feira. O bar Seven & Seven, em Ciudad Juárez, estava cheio quando um grupo de homens entrou, fechando as portas que davam acesso à rua. Em poucos minutos, identificaram todos os presentes. Puseram oito de parte e descarregaram neles, à queima-roupa, os carregadores dos revólveres que traziam. Entre as pessoas assassinadas figurava a mulher do proprietário do bar.
Este foi um episódio particularmente macabro do mais sangrento dia do ano no México: um pouco por todo o país, 57 pessoas morreram às mãos de assassinos contratados pelos grandes cartéis da droga que disputam o tráfico de cocaína para os Estados Unidos. Só no estado de Chihuahua, onde se situa Ciudad Juárez, 33 perderam a vida.
Esta sangrenta contabilidade foi ontem registada pelo jornal mexicano El Universal, que faz o levantamento diário das vítimas do narcotráfico no país. A guerra entre os barões da droga já custou dez mil mortos desde 1 de Janeiro de 2008. O Governo federal destacou 36 mil soldados e agentes especiais para combater estes crimes - só em Ciudad Juárez estão 8500 militares mandatados para pôr fim ao narcotráfico. Mas os homicídios prosseguem, a um ritmo imparável. Com datas tristemente memoráveis: 48 mortos a 10 de Fevereiro de 2009, 45 a 14 de Fevereiro, 53 a 14 de Julho. Até à cifra recorde registada terça-feira. Ciudad Juárez, situada na fronteira com os Estados Unidos - e com a norte-americana El Paso, no estado do Texas, bem à vista -, já merece o título de cidade mártir.
Não é a única. Também sacudida pelas forças do crime está Monterrey, capital do estado de Nuevo León, igualmente fronteiro com os EUA, onde na noite de segunda para terça se registaram quatro mortos e três feridos num embate entre assassinos contratados e polícias que incluíram não só tiros mas também granadas. Outra cidade fronteiriça, Tijuana, que faz fronteira com a Califórnia no extremo norte do país, convive diariamente com o crime: esta terça-feira, o cadáver de uma mulher apareceu no porta-bagagens de uma viatura abandonada. Mais um caso de execução premeditada, sempre com a droga em pano de fundo: os EUA são o maior consumidor mundial de cocaína, que chega quase toda a território norte-americano através do México.
Segundo El Universal, nesse mesmo dia registaram-se mortos nos estados da Baixa Califórnia, Sonora, Durango (no norte do México), Sinaloa, Jalisco e Michoacán (no ocidente do país). E nem a ilha de Cozumel, um dos locais de férias preferidos das vedetas do cinema norte-americano, escapou à onda de sangue: os cadáveres de quatro pessoas foram ali encontrados no interior de um carro abandonado. Com sinais evidentes de terem sido torturadas antes de receberem o tiro fatal.
Cozumel, pela sua importância turística, era um dos raros pontos do México que haviam permanecido até agora imunes à maré de crimes. Mas já nem ali se pode estar seguro.
FONTE:
DIÁRIO DE NOTÍCIAS
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