Violência faz do centro de Bagdad um palco de morte
por LUMENA RAPOSO
Seis explosões, que visaram preferencialmente edifícios governamentais junto à área de mais alta segurança de Bagdad - a 'Zona Verde' -, fizeram, num balanço provisório, 95 mortos e mais de 500 feridos. E transformaram este dia num dos mais mortíferos da capital
Um autêntico inferno foi o que viveram, ontem, os iraquianos que residem e/ou trabalham perto da 'Zona Verde' ou mesmo nesta. As seis explosões, quase simultâneas, visaram edifícios governamentais mas danificaram também blocos residenciais.E transformaram o dia de ontem no mais mortífero da capital iraquiana desde que, a 1 de Janeiro, a segurança em Bagdad passou para as mãos das forças nacionais.
"Onde estão os socorros? Chamem as ambulâncias!", lançavam, a partir das janelas, habitantes de edifícios, inundados pela água das cisternas - situadas no tecto dos mesmos -, que a violência da explosão danificou.
As equipas de socorro não estão longe mas não têm mãos a medir: são muitos os corpos que se encontram sob os escombros, os feridos que imploram por ajuda.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros e o das Finanças, ambos a alguns membros da 'Zona Verde' - ou da 'Bolha' -, foram os mais visados pelos veículos armadilhados. Num primeiro balanço, só a explosão do camião armadilhado junto ao edifício do MNE terá feito 47 mortos e 195 feridos.
"Estava no meu gabinete, no ministério, quando aconteceu a explosão. O edifício tremeu", afirma Hassan, que tem o rosto ensanguentado e coberto de ligaduras.
Hamid, de 46 anos, mora perto do local da explosão. Está ainda sob o efeito do choque. "Estava em casa com a minha família. O tecto esboroou-se", conta, incrédulo.
A alguns metros da entrada da 'Zona Verde' - onde se encontra a sede do Governo iraquiano e a embaixada dos EUA - a explosão de um veículo armadilhado provocou uma cratera de três metros de profundidade por dez de largura. Num raio de 300 metros, a devastação total: corpos calcinados, viaturas em chamas, tectos que ruíram, árvores calcinadas, montras que explodiram. No total, os atentados terão feito 95 mortos e 563 feridos, muitos deles em estado grave.
Na 'Zona Verde', os funcionários da ONU assinalavam o sexto aniversário do ataque que vitimou Vieira de Mello e outros 20 elementos da sua equipa quando foram surpreendidos pela explosão de dois obuses que foram lançados contra a embaixada dos EUA, onde fizeram alguns estragos. Estas duas explosões parecem ter sido o sinal para as outras que, momentos depois, ocorriam no exterior da 'Bolha' , com o seu cortejo de mortos e feridos, em vésperas do sagrado mês do Ramadão.
FONTE:
DIÁRIO DE NOTÍCIAS
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