quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Pouca proteína antes de cirurgia reduz risco de derrames

Pouca proteína antes de cirurgia reduz risco de derrames
Uma dieta sem proteína alguns dias antes de uma cirurgia aumentou a resistência do organismo e reduziu o risco de complicações como derrames e ataque do coração, segundo estudo publicado na revista médica "Science Translational Medicine".
A pesquisa foi feita em camundongos, mas seus autores acreditam que ela é válida para seres humanos, pois os benefícios de uma dieta restrita, como o prolongamento da vida, já foram observados em várias espécies de seres vivos, de micróbios a primatas não humanos.
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(articleGraphicCredit). Editoria de arte/folhapress
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O grupo liderado por James Mitchell, da Escola Harvard de Saúde Pública, estudou camundongos que comiam normalmente e outros que tinham dieta livre de proteínas ou do aminoácido triptofano (aminoácidos são os "tijolos" que constroem as proteínas).
Os camundongos comiam de seis a 14 dias antes de passarem por um estresse que imitaria uma complicação de uma cirurgia --os cientistas induziam um corte na irrigação de sangue para os rins por 35 minutos.
O estudo simulava a chamada lesão de isquemia-reperfusão, isto é, o dano em determinado órgão pela retirada do sangue e o seu retorno (a "reperfusão").
O resultado foi surpreendente: 40% dos camundongos com a dieta normal morreram; todos os que tiveram restrição de dieta viveram.
O resultado pode parecer contraditório, segundo Mitchell, porque faria mais sentido que os animais mais bem alimentados seriam mais resistentes à operação.
A pesquisa pode render um benefício imediato para pacientes, caso os efeitos sejam comprovados em humanos.
"Nosso plano é testar a capacidade da restrição de proteína antes de cirurgia vascular em reduzir a incidência e/ou a severidade de complicações associadas com esse tipo de cirurgia, incluindo ataque do coração e derrame", disse Mitchell à Folha.
A equipe já está nos passos iniciais de um ensaio com a dieta em pacientes de um hospital em Boston, EUA. "É um paradoxo", disse o cirurgião cardiovascular João Nelson Rodrigues Branco, da Unifesp, comentando a pesquisa. "A proteína é um alimento de reconstrução. Uma dieta pobre em proteína não tem reparação dos tecidos", diz Branco.

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