quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Técnica de estimulação pode reverter efeitos de Alzheimer

Técnica de estimulação pode reverter efeitos de Alzheimer
Até hoje nenhuma técnica conseguiu alcançar a cura
Alzheimer começa na região do hipocampoUma técnica que está sendo desenvolvida por cientistas canadenses pode tornar realidade algo que antes parecia impossível, a reversão dos efeitos da doença de Alzheimer. Até hoje nenhuma técnica conseguiu alcançar a cura desse mal. Os tratamentos disponíveis hoje apenas tratam os sintomas e retardam o declínio cognitivo, melhorando a qualidade de vida do paciente. A reversão do encolhimento do cérebro, da deterioração de suas funções e da perda de memória provocados pela doença era algo tido como impossível.
Os pesquisadores da University of Toronto estão estudando uma técnica chamada Estimulação Cerebral Profunda, método que envolve a aplicação de eletricidade em certas regiões do cérebro. Os resultados parecem promissores. Dois dos pacientes sob tratamento não apenas tiveram reversão da deterioração da área do cérebro associada à memória como também crescimento da região.
O estudo ainda não foi publicado, mas suas conclusões já foram anunciadas em novembro durante a conferência da Society for Neuroscience em Washington, nos Estados Unidos. A técnica já estava sendo utilizada em milhares de pacientes com Doença de Parkinson e há menos tempo em pacientes com Síndrome de Tourette e depressão. Mas, apesar de apresentar resultados positivos até então, ainda não se sabe exatamente como o método funciona.
O estudo
Sob anestesia local, uma ressonância magnética identifica o alvo dentro do cérebro. Em seguida com cabeça imobilizada, uma pequena área do cérebro é exposta e colocam-se eletrodos próximos à região que se pretende estimular. Os eletrodos são então conectados a uma bateria implantada sob a pele perto da clavícula.
Participaram da pesquisa seis pacientes, que receberam estimulação no fórnix, área do cérebro responsável por levar mensagens ao hipocampo. Segundo Andres Lozano, chefe do estudo, o encolhimento do hipocampo em pacientes com Alzheimer é de, em média, 5% ao ano. Após 12 meses sob o tratamento, um dos pacientes teve um aumento de 5% e, outro, 8%.
“Quão importantes são esses 8%? Imensamente importantes. Nunca vimos o hipocampo crescer em (pacientes com) Alzheimer em nenhuma circunstância. Foi uma descoberta incrível para nós”, disse Lozano à rede BBC. Ele ainda afirmou ser a primeira vez que se demonstrou que a estimulação do cérebro promove o crescimento de determinada parte do órgão.
A análise dos sintomas levou os cientistas a concluírem que houve reversão do quadro da doença. “Um dos pacientes está melhor após um ano de estimulação do que quando começou, então seu Alzheimer foi revertido, digamos assim”, disse Lozano .
Explicação
“A maioria das pessoas diria que não sabemos por que isso funciona”, diz o professor John Stein, da University of Oxford, na Inglaterra. Para ele a explicação é de que no Mal de Parkinson, as células do cérebro permanecem em um padrão de descargas elétricas seguidas por silêncios e, depois, novas descargas. Após serem estimuladas de forma contínua e em alta freqüência, esse ritmo seria perturbado. No entanto, a explicação, ele admite, não é aceita por todos.
A própria doença é um mistério ainda maior. Sabe-se que nos pacientes com o mal, o hipocampo, centro onde a memória de curto prazo se converte em memória de longo prazo, é uma das primeiras áreas do cérebro a encolher. Isso leva ao aparecimento dos primeiros sintomas, perda de memória e desorientação. No fim do processo de degeneração as células cerebrais morrem ou estão morrendo em todo o cérebro.
Futuro
Marie Janson, médica da entidade beneficente britânica Alzheimer’s Research UK, disse a reversão do encolhimento do cérebro seria um grande avanço. “Se você pudesse retardar o começo do Alzheimer por cinco anos, você cortaria pela metade o número de pessoas afetadas”.
A equipe canadense ainda precisa fazer uma pesquisa maior para confirmar os resultados obtidos. Para isso, em abril os pesquisadores vão implantar eletrodos em cerca de 50 pacientes com grau médio de Alzheimer, mas apenas metade terá os aparelhos ligados. Em seguida vão comparar os hipocampos dos dois grupos para verificar se existem diferenças.
Por enquanto o estudo é focado em pacientes com graus leves de Alzheimer porque dos seis pacientes estudados, apenas os dois que tinham sintomas leves melhoraram.

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