sábado, 5 de janeiro de 2013

DIVERTICULOSE


Atenção para a diverticulose

A presença de inúmeras saliências no formato de bolsas (chamados divertículos) em qualquer parte do trato gastrointestinal, principalmente no intestino grosso, caracteriza a condição conhecida como diverticulose. A doença afeta quase metade da população com mais de 60 anos, sem distinção entre os sexos, sendo que a alta incidência entre os idosos está relacionada ao envelhecimento e perda de elasticidade do intestino. “Geralmente os divertículos são para o intestino o que a ruga é para a face: conforme a idade avança, tornam-se mais frequentes”, exemplifica o Dr. Sidney Klajner, gastroenterologista e cirurgião do aparelho digestivo do Einstein.
Uma dieta pobre em fibras e a predisposição genética são outros dois fatores importantes que podem levar ao aparecimento da diverticulose. Embora mais comum em idades avançadas, atualmente tem sido frequente o aparecimento dessa patologia em pacientes mais jovens pela queda na qualidade de vida e pela dieta desequilibrada.
A também chamada doença diverticular pode ser classificada de duas formas: a primeira é a hipertônica, mais presente em jovens e relacionada com o aumento na pressão no intestino, ocasionada por uma alimentação inadequada e pela falta de tempo para evacuar. Já a forma hipotônica é mais comum em idosos e está relacionada ao envelhecimento da parede muscular do intestino.
A doença não necessariamente causará problemas de saúde: a diverticulose, em grande parte, é assintomática. Em alguns casos, porém, a pessoa pode se queixar de cólicas ou gases. “Ela costuma ser achada em algum exame, geralmente na colonoscopia preventiva que deve ser feita aos 50 anos. Não há cura, mas existem medidas que podem evitar um agravamento”, explica o Dr. Sidney. Entre eles estão hábitos de vida saudáveis, exercícios físicos frequentes e redução do estresse.
Além disso, consumir frutas e legumes, ingerir 30g diárias de fibras e aumentar a ingestão de água são três medidas eficientes para tentar driblar as complicações dessa patologia. Evitar o consumo de grande quantidade de carne vermelha e comidas gordurosas também é um ponto positivo para a saúde do intestino.
Há alguns anos, a ingestão de frutas e outros alimentos com sementes (como uvas e tomates, por exemplo), bem como castanhas e pipoca, era desaconselhada pelos médicos. Acreditava-se que os resíduos indigeríveis desses alimentos poderiam ficar presos nos divertículos e causar problemas. “Se fosse assim, era só pedir aos pacientes que não comessem mais sementes e não teríamos o problema. Não havia base totalmente científica para essa recomendação”, enfatiza o Dr. Jaime Zaladek Gil, gastroenterologista do Einstein.
Um estudo realizado pela Universidade de Harvard com 47 mil homens e divulgado em uma das publicações médicas mais conceituadas dos Estados Unidos, o Journal of the American Medical Association, concluiu que não há maior risco de desenvolvimento de diverticulose ou de complicações da patologia devido ao consumo desses ingredientes.

Sinal de perigo

A maior preocupação relacionada a essa condição é que ela se agrave. Quando os divertículos se inflamam ou infeccionam, a doença é chamada de diverticulite, condição aguda que, em alguns casos, pode levar à morte. A estimativa é que 25% dos pacientes desenvolvam a diverticulite.
Os principais sintomas são dores no baixo ventre à esquerda, diarreia, sangue nas fezes, febre, náuseas e vômitos. Em casos graves, pode haver a formação de fístulas ou o rompimento de um divertículo, que permitirá o vazamento de fezes para a cavidade abdominal, causando a peritonite.
Exames de imagem, como a tomografia computadorizada e a ultrassonografia, podem auxiliar o médico a localizar a inflamação. Confirmado o diagnóstico, é preciso iniciar o tratamento. “Nos casos de inflamação, indica-se uma dieta justamente contrária à preventiva, pobre em fibras, para dar repouso ao intestino. Depois, a indicação de uma alimentação rica em fibras volta para prevenir futuras crises”, explica Dr. Jaime. O tratamento também deve incluir o uso de antibióticos e alguns casos podem exigir internação.
É preciso aderir à dieta e aos exercícios a fim de evitar uma nova crise, comum em 30% dos casos. Aproximadamente 90% das recaídas ocorrem em um prazo de cinco anos após a primeira manifestação da doença e, neste caso, o risco de complicações é maior. Para aqueles que não respondem bem ao tratamento clínico, a solução é cirurgia.
De acordo com as diretrizes médicas da Associação Médica Brasileira e do Conselho Federal de Medicina, o tratamento cirúrgico é indicado para pacientes após uma crise complicada (com abscesso, obstrução ou fístula) e para aqueles que tiveram duas crises em que houve necessidade de hospitalização. A operação retira parte do intestino comprometido e pode ser realizada por videolaparoscopia, já que, dessa forma, a dor pós-operatória é menor e a internação é mais curta. A indicação cirúrgica, porém, deve ser individualizada, levando em conta histórico do paciente e evolução de sua condição. “Hoje há uma tendência de controle mais clínico”, afirma Dr. Sidney Klajner.
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