Modelos informais dos famosos testes de Q.I. (quoeficiente intelectual) têm feito sucesso entre os jovens na internet ultimamente. Não é difícil entender o porquê: como nos jogos focados em raciocínio, os vencedores sempre acabam tirando um sarro de quem não foi assim tão bem no resultado final. Brincadeira ou não, esta não é a melhor forma de avaliar a inteligência de uma pessoa.
Mesmo que esses testes não reflitam exatamente os que são utilizados por profissionais, já faz tempo que a ciência não considera o teste de Q.I. a medição definitiva da capacidade intelectual de um indivíduo.
Os testes padronizados de Q.I. surgiram em meados da década de 50 para avaliar essa capacidade intelectual e acabaram se tornando parâmetro para diversos indicadores da medicina neurológica.
Eles nada mais são do que um conjunto de testes focados em avaliar, basicamente, o poder de leitura, interpretacão e de raciocínio lógico dos indivíduos. Hoje em dia, porém, muito se discute sobre a sua própria capacidade de avaliação.
“O teste de Q.I. é uma tentativa de se traduzir em números o conjunto das funções cerebrais, mas atualmente ele é totalmente discutível. Quando se coloca essa informação em um número, você está homogeneizando as habilidades e a inteligência das pessoas, deixando de considerar outras variáveis importantes para esta constatação”, afirma o neurologista do Einstein, Dr. Ivan Okamoto.
“Quando esses testes padronizados foram criados, existia uma ideia de que cada área do cérebro era especificamente responsável por cada habilidade, hoje sabemos que elas se comunicam e inclusive dependem uma da outra”, diz o médico.
Diferente dos testes que estão fazendo sucesso na internet, que geralmente são focados apenas no raciocínio lógico, os testes aplicados por profissionais avaliam uma série de outras funções, como abstração, linguagem, percepção, planejamento, capacidade de execução e cálculo.
Mesmo assim, de acordo com o Dr. Okamoto, o teste padronizado não dá conta de avaliar variáveis que, embora mais sutis, também devem ser consideradas no que diz respeito à inteligência de uma pessoa.
“Pra mim, inteligência é toda capacidade que um indivíduo tem de perceber e interagir com o seu meio, e não apenas a de fazer cálculos. Precisamos considerar sua capacidade de aprender e de lidar com as pessoas. Aqui entra uma coisa importante, a inteligência emocional”, acredita o neurologista.
Pesquisas afirmam que existem diferentes tipos de inteligência relacionadas a diferentes áreas do cérebro. De acordo com um dos autores da pesquisa realizada pela Universidade Western Ontario, Adam Hampshire, essa informação impossibilita a medição da capacidade intelectual sem exames mais detalhados. "Uma pessoa pode ser forte em uma área, mas isso não significa que será forte em outra", afirmou o pesquisador em entrevista ao site da revista VEJA.
Para o Dr. Okamoto, inteligência é uma questão relativa. “Vejo o teste como um parâmetro inicial para o que se está buscando. Ele apenas quantifica e não qualifica. Inteligência é difícil medir porque é ampla. Uma pessoa pode ter 110 de Q.I. porque é boa de cálculo, enquanto outra porque é melhor em interpretação de texto”, explica.
Existem instituições, como o Einstein, que dispõem destes testes e, de forma geral, qualquer pessoa pode se submeter a eles. O importante é saber a sua real finalidade. “Não adianta realizar o teste apenas para ficar se gabando de um resultado elevado ou cair em depressão por um resultado baixo”, alerta o Dr. Okamoto.
“Vale lembrar que esses testes são apenas um rastreio de algumas habilidades intelectuais, mas que são uma coisa antiga. Não é justo comparar uma pessoa com outra como sendo mais ou menos inteligente. Já como uma brincadeira, como tem acontecido na internet, até pode valer a pena”, diz o médico.
Publicado em 29/01/2013
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