O lúpus é uma doença autoimune ocasionada por um desequilíbrio do sistema responsável por garantir o bom funcionamento do organismo, que passa a produzir anticorpos que atacam as proteínas presentes nos núcleos das células, erroneamente identificadas como prejudiciais à saúde. Os sintomas podem aparecer progressivamente ou evoluir de forma rápida e, por serem tão díspares e singulares, tornam o tratamento difícil. A recomendação dos reumatologistas é de que ele seja o mais particularizado possível.
“Hoje se acredita que o lúpus não seja uma doença, mas sim uma síndrome com várias formas de apresentação distintas. Cada paciente é um paciente diferente, tudo é individual”, destaca o Dr. Ari Stiel Radu Halpern, reumatologista do Einstein.
“A doença tende a afetar mulheres jovens evoluindo com períodos de piora (atividade de doença) e melhora (remissão). A causa ainda é desconhecida, dependendo de uma tendência genética associada a fatores desencadeadores não totalmente conhecidos”, ressalta o Dr. Ari. “Existem fatores precipitantes, como a exposição ao sol, infecções, estresse emocional, cirurgias e gravidez, mas os mecanismos desse funcionamento ainda não são claros”, completa Dr. José Goldenberg, reumatologista do Einstein.
No Brasil, não existem dados exatos, mas a Sociedade Brasileira de Reumatologia estima que 65 mil pessoas tenham lúpus, a maioria mulheres, já que elas são nove vezes mais atingidas do que os homens. Embora mais frequente em torno dos 20 ou 30 anos, a doença também pode acometer crianças e idosos.
Tipos de lúpus e complicações mais comuns
São dois os tipos de lúpus mais frequentes: o cutâneo e o sistêmico. O primeiro atinge a pele, sem comprometer os órgãos internos. O aparecimento de manchas avermelhadas principalmente na região do colo, orelhas e nas maçãs do rosto e no nariz – estas últimas no formato de asa de borboleta –, é uma manifestação cutânea característica da doença. Já o lúpus sistêmico costuma atingir, além da pele, diferentes órgãos, membranas e grandes articulações.“Podemos dizer que mais de 95% dos pacientes têm inflamação nas juntas. As mãos são particularmente prejudicadas. A pessoa tem dores moderadas, mas raramente a condição é deformante”, afirma Dr. José.
Os quadros mais preocupantes da doença são os comprometimentos do coração, cérebro, rins e das plaquetas. Se não identificados ou tratados precocemente, podem levar à perda do rim ou até à morte.
O comprometimento neuropsiquiátrico é outro fator que merece atenção, embora seja menos frequente. O paciente pode desenvolver problemas cognitivos, delírios, fortes dores de cabeça, psicose, depressão, ansiedade e manias.
Diagnóstico e tratamento
Frente à variedade de sintomas, identificar o lúpus exige uma minuciosa avaliação clínica, assim como a realização de alguns exames de sangue, de urina e de imagem. “Não existe um exame laboratorial que, sozinho, permita fazer o diagnóstico da doença. Ele é sempre feito por meio de um conjunto de sinais, sintomas e alterações laboratoriais”, explica Dr. Ari.De acordo com o Dr. José Goldenberg, estudar a função renal por meio de uma biópsia é mandatório. “O médico deve analisar a atividade da doença, se os órgãos foram atingidos e em quais níveis”, alerta. A dosagem do fator antinuclear (FAN) é uma importante ferramenta para um diagnóstico preciso.
A definição do tratamento vai depender das principais queixas do paciente e das manifestações clínicas da doença. O prognóstico melhorou muito nos últimos anos e hoje os medicamentos existentes são eficientes no controle da doença. Dependendo da gravidade do caso, quais órgãos foram acometidos e aspectos específicos de cada paciente, o tratamento pode variar em intensidade e tempo de duração. O mais comum é a utilização de anti-inflamatórios não hormonais, cortisona ou imunossupressores.
A proteção solar também é recomendada aos pacientes, já que o sol pode piorar alguns dos sintomas dermatológicos. É importante utilizar produtos que bloqueiem os raios ultravioletas tanto do tipo A quanto do tipo B. Além disso, é essencial manter as taxas de colesterol em níveis normais, elevar a dose de vitamina D e adotar uma nutrição balanceada. “Recomendo a todos os meus pacientes que deixem de fumar, façam exercício físico e não bebam. E as mulheres devem conversar com o médico antes de fazerem uso de pílula anticoncepcional”, indica Dr. José.
Por ser uma doença crônica, é essencial o acompanhamento regular, que deve ser definido de acordo com o nível de atividade e a evolução do lúpus. Segundo os reumatologistas, o ideal é que o intervalo das consultas não seja superior a quatro meses.
Você sabia?
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